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Com ritmo de crescimento acelerado, indústria de energia eólica precisa de estrutura para o transporte
No rastro do potencial que a Bahia descobriu para a produção de energia a partir dos ventos, a indústria de componentes para energia eólica cresce em ritmo acelerado na Bahia. Só no ano passado, passaram pelos portos de Salvador e de Ilhéus 28,5 mil toneladas de equipamentos para atender 232 parques eólicos que estão implantados ou em fase de implantação na Bahia. E a tendência para os próximos anos é que o movimento cresça, tanto pelos projetos implantados no estado, quanto pelos que utilizam os portos e rodovias baianas como corredor entre o Nordeste e o Centro-Sul do Brasil.
Entre os anos de 2011 e 2014, passaram pelas rodovias instaladas na Bahia 712 aerogeradores, em um total de 6,4 mil viagens, de acordo com dados da Secretaria de Infraestrutura da Bahia (Seinfra). O peso total foi de 126 mil toneladas, em um percurso total de 7 milhões de quilômetros. Os dados de 2015 ainda não foram tabulados, mas a estimativa é que a movimentação tenha se mantido intensa.

O transporte de equipamentos, como pás eólicas de 62 metros, exige regras específicas
(Foto: Adenilson Nunes/GovBa)
Para que o cenário se confirme, a Bahia precisa, com urgência, dotar a infraestrutura portuária e rodoviária de capacidade para atender a atividade. “A infraestrutura que existe hoje atende parcialmente o setor. Nenhum empreendimento deixa de vir por conta das condições, mas se estamos falando de um estado que tem todo este potencial é necessário que se façam investimentos numa infraestrutura qualificada”, aponta o diretor de energia do Grupo CER, Rafael Valverde.
Segundo ele, existem problemas tanto portuários, quanto rodoviários a serem resolvidos. Atualmente, as operações são, em sua maioria, de importação, mas a tendência a médio e longo prazo é de aumentos nas exportações de produtos. “Existem projetos, como o da Tecsis (fabricante de pás para os aerogeradores), em que se projeta a exportação de até 50% da produção”, diz Valverde. Segundo ele, só essa operação deverá atingir a movimentação de 2 mil pás de 62 metros por ano até 2022, quando a unidade que está sendo implantada em Camaçari estiver à plena carga.
“Serão 60 navios por ano só para escoar a produção dessa empresa. Agora, imagine o tamanho da área necessária para o armazenamento desses equipamentos e o tráfego constante e intenso que vai gerar”.
Importância econômica
Atualmente, o transporte de cargas das indústrias de componentes instaladas no estado – existem seis de grande porte –, além do transporte de equipamentos para os parques eólicos espalhados pelo sertão baiano, é responsável por movimentar entre 30% e 40% da frota da Iberia, uma empresa de transporte baiana que se especializou em cargas especiais.
“Esse processo de transporte de cargas para parques eólicos estava bastante acelerado até 2015. Houve uma redução recentemente, por conta da crise, mas as nossas estimativas é de que isso volte a acelerar e ganhe cada vez mais importância em nosso mercado”, explica o diretor da Iberia, Miguel Gil.
O empresário explica que a indústria eólica se tornou importante para um grande número de empresas. “Nós do transporte somos uma pequena parte dos beneficiados. Ainda na estrada existe a demanda por segurança. Chegando na localidade dos parques isso tudo movimenta hotéis, restaurantes, farmácias, o setor da construção civil e por aí vai”, explica. “Hoje a Bahia colhe os frutos do desenvolvimento da energia eólica, mas o caminho para chegar até aqui foi árduo”, fala.
Segundo Miguel Gil, a operação dos equipamentos da Região Metropolitana de Salvador até os locais dos parques demanda uma grande estrutura. Por conta do tamanho e do peso “especiais” – equipamentos como pás chegam a 62 metros, e aerogeradores podem pesar mais de 25 toneladas – o transporte das cargas exige uma série de cuidados, como licenças especiais de transporte, escoltas e a obrigatoriedade de tráfego apenas com luz do sol. “Um transporte de Salvador para Caetité demora, em média, cinco dias”, calcula Gil.
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A instalação de produtores de energia eólica no interior da Bahia e de fabricantes de equipamentos, principalmente na Região Metropolitana de Salvador, mas também em outras áreas da Bahia, vem atraindo a atenção de terminais portuários instalados no estado. Só no ano passado, o Porto de Salvador movimentou 25 mil toneladas de equipamentos, enquanto outras 3,5 mil toneladas passaram pelo Porto de Ilhéus.
O filão de mercado foi percebido pelo Terminal de Contêineres (Tecon) do Porto de Salvador, operado pela Wilson Sons, há dois anos. De lá para cá, foram movimentados 4,9 mil contêineres com equipamentos e 37 mil toneladas de grandes partes, como hubs, torres, naceles, pás e outras peças, conta a diretora comercial do Tecon, Patrícia Iglesias. “Nós temos investido na atração desse tipo de carga porque enxergamos que a economia baiana cresce nessa direção”, explica.

Foto: Tadeu Miranda/Divulgação Codeba
É este mesmo raciocínio que está movendo a Enseada Indústria Naval a oferecer parte da área do estaleiro, às margens do Rio Paraguaçu, como terminal portuário para receber e escoar equipamentos para a produção de energia eólica, além de áreas para a implantação de fabricantes de componentes. “Nossa vocação principal é naval, mas temos um terminal portuário de grande capacidade, além de estruturas que permitem operações da indústria metal-mecânica e de construção, entre outras”, destaca o diretor de Relações Institucionais da Enseada Indústria Naval, Humberto Rangel.
“Temos uma estrutura que permite tanto o escoamento, quanto a fabricação de peças grandes, como pás e torres”, explica Rangel.
Crescimento acelerado exige adaptações, diz Seinfra
Com 73 parques eólicos instalados e outros 159 em construção, a Bahia caminha para se transformar no principal estado produtor de energia a partir dos ventos no Brasil, com uma potência instalada de 5,5 mil megawatts, de acordo com dados da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica). Mas o potencial do estado é 35 vezes maior, de 195 mil megawatts, de acordo com levantamento das Secretarias de Infraestrutura (Seinfra) e de Ciência e Teconologia (Secti) da Bahia.
Para aproveitar pelo menos parte desse potencial, a logística é apenas parte dos desafios pela frente, reconhece o diretor de infraestrutura da Seinfra, Celso Rodrigues. “O cenário que temos adiante é de crescimento. Só para o leilão de energia renovável, previsto para o fim deste ano, teremos 240 projetos, que vão oferecer ao mercado 6 mil megawatts. É mais do que tudo o que temos”, ressalta.
Segundo ele, o estado tem buscado adaptar estruturas viárias e portuárias para atender a atividade e evitar que o transporte se torne um gargalo para o desenvolvimento da atividade. “Os desafios surgem com o desenvolvimento do setor. São pontes, viadutos, passarelas que precisam de adaptações. Agora mesmo estamos trabalhando para adaptar o túnel da Via Expressa às dimensões dos equipamentos”, diz.
A “evolução” dos equipamentos, segundo ele, torna o desafio de adaptação constante. “As pás que antes tinham 45 metros, hoje saem com 62 metros”, compara.
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