Escolha uma Página

NOTÍCIAS

Internet muda jeito do turista programar viagens e roteiros são feitos até pelo celular

set 16, 2016

Thais Borges
thais.borges@redebahia.com.br

Na hora de planejar as férias, a visita à sede da agência de viagens era tradição na casa da estudante baiana de Fisioterapia Layla Cupertino, 24 anos. Lá, um consultor sugeria o roteiro da família. E foi assim até seu primeiro intercâmbio, em 2011, para Londres, na Inglaterra. Hoje, a lembrança de como programou aqueles seis meses parece vir até com cheiro de naftalina — aquele bem típico de “coisa velha”.

A universitária Layla Cupertino, 24, planeja todos os detalhes de suas viagens via internet: da escolha dos destinos até a compra de passagens (Foto: Arisson Marinho)

A universitária Layla Cupertino, 24, planeja todos os detalhes de suas viagens via internet: da escolha dos destinos até a compra de passagens (Foto: Arisson Marinho)

“Desde esse tempo na Inglaterra, comecei a organizar minhas próprias viagens por lá. Via hostel, passagem de avião, procurava as coisas mais baratas em todos os sites. Desde então, nunca mais fui por agência. Nem eu, nem meus pais”, lembra.
Layla faz parte do grupo de jovens com idades entre 16 e 30 anos — aqueles que, segundo a Organização Mundial do Turismo, compõem a faixa etária que mais cresce no mercado de compra de viagens. Segundo o Sebrae, 52% deles compram viagens por tablets ou smartphones.

Além disso, o percentual aumenta a cada ano. Só para ter uma ideia, a projeção, em 2014, era de que o número de brasileiros que compram viagens online passasse de 14,4 milhões em 2010 para 31,6 milhões — um crescimento de 120% entre as pessoas que usam sites como o Decolar, Expedia, Booking, Trivago… Sem sair de casa — mas com acesso à internet e um computador, tablet ou smartphone à disposição —, definem o próximo destino em minutos.

Quem vem para o Brasil também chega graças aos mesmos meios. Segundo o Anuário Turístico 2016, publicado pelo Ministério do Turismo, 44% dos estrangeiros que visitaram o país em 2015 usaram a internet como principal fonte de consulta. Em 2011, esse índice era de 32,1%.

Diante de um cenário que deve movimentar até US$ 817 bilhões até 2020, até agências tradicionais estão investindo na área. No ano passado, a CVC comprou a B2W Viagens e Turismo, que detém a marca Submarino Viagens, por R$ 80 milhões. Já este ano, a CVC ainda anunciou a contratação do ex-presidente da Decolar Alípio Camanzano.

Revolução da internet
Pensar que isso é tão natural quanto é hoje talvez diminua a dimensão do impacto da mudança. Mas, na verdade, as primeiras empresas de turismo digital surgiram com os primeiros passos da internet. É o caso do Expedia.com, fundada em 1996 pela Microsoft — três anos depois, tornou-se independente.

“O mundo começou a ficar pequeno, porque a tecnologia trouxe o mundo rápido para todo mundo. Então, por que não comprar uma passagem para qualquer lugar do mundo, já que ele ficou pequeno?”, reflete o gerente de marketing do Expedia para a América Latina, Fernando Botelho.

Foi a partir desse conceito que as empresas começaram a trazer hotéis, parceiros e empresas aéreas para dentro de um único lugar — um portal onde o cliente pudesse criar sua viagem da forma que preferisse. “Isso dá total poder ao consumidor. O negócio foi se desenvolvendo e é por isso que a Expedia acabou trabalhando forte na tecnologia e na compra de empresas”, complementa Botelho, que é um dos palestrantes do próximo seminário do Fórum Agenda Bahia, no dia 20 (veja ao lado). Só no ano passado, a empresa investiu US$ 800 milhões em soluções tecnológicas.

Ter o poder de decidir tudo sobre a própria viagem e contar com praticidade e a possibilidade de encontrar preços mais em conta, são os principais atrativos para a estudante Layla, que virou organizadora oficial das incursões familiares. “Por mais que eu confie numa agência, que é mais cômodo, assim tenho mais controle. Depois que aprendi a fazer, me sinto mais segura porque investiguei tudo sobre hotel, voo, se tem como cancelar. Olho passeios diretamente…”, cita a estudante.

Avaliação
As referências em sites como TripAdvisor, Booking e Hostelworld são tão importantes que ela diz já ter deixado de ficar em lugares devido às más avaliações de outros hóspedes. “E também existe muito blog, que ou não tinha antigamente ou eu não sabia que existia. Hoje, você fala o lugar que quer ir e aparecem mil pessoas que foram e estão dando dicas”, diz.

De acordo com a porta-voz do TripAdvisor no Brasil, Claudia Martinelli, é bem isso que acontece: cada vez mais, viajantes priorizam a pesquisa e a opinião dos outros usuários. Segundo ela, um estudo realizado pela PhoCusWright’s para o TripAdvisor em dezembro de 2013 indicou que mais da metade dos turistas não toma uma decisão sem ler as avaliações de outras pessoas.

“Cerca de 50% dos usuários acessam o TripAdvisor por meio de aplicativos e dispositivos móveis, e boa parte deles utiliza os smartphones para planejar a estadia, refeições e atividades enquanto viaja. Por isso, acreditamos que o mercado de turismo deve investir cada vez mais na presença on-line, integrando as plataformas mobile na estratégia de marketing, além de tornar as informações mais acessíveis aos viajantes”.

Pagando menos
Uma das principais vantagens de planejar a própria viagem é a possibilidade de pagar barato. Por isso, portais, como o Melhor Embarque, lançado em abril do ano passado, também têm atraído os cliques dos viajantes. Como explica o CEO do Melhor Embarque, Tarik Lemes, além de trazer informações e textos sobre os destinos turísticos, o portal é uma espécie de curador que recebe 130 mil visitantes únicos por mês. Lá, todos os dias, são divulgadas passagens, opções de hospedagem e pacotes com preços promocionais.

“Temos uma newsletter diária e mandamos cedo, porque, quanto mais cedo a gente consegue mostrar às pessoas, mais elas aproveitam as promoções, no caso das passagens. Você deixa seu e-mail no site e todo dia recebe o alerta com o resumo do que a gente achou de melhor”. De acordo com ele, 80% dos usuários do site compram itens separadamente, seja um voo ou um local de hospedagem. Assim, podem construir a viagem com a própria cara.

Os baianos marcam presença na audiência que, segundo Lemes, tem crescido. “Na busca comercial, tive acesso a algumas empresas aéreas fora do eixo Rio-São Paulo que escolheram estar na Bahia e não por uma falta de espaço no eixo. Por isso, a gente tem tentado buscar mais e mais promoções que saiam da Bahia e também de Fortaleza, Natal, que também são fortes”.

viagem_
Economia compartilhada é tendência de novos produtos
No contexto de pagar menos por uma boa experiência de turismo e lazer, uma tendência tem despontado: a economia compartilhada, que tem o Airbnb e a Uber como alguns de seus maiores ícones. No caso do Airbnb, qualquer pessoa pode alugar sua casa — ou um quarto vazio — para um turista. Inspirado na startup americana, o empresário brasileiro Flávio Estevam criou o “Airbnb de jantares”, o Dinneer, no ano passado.

“A proposta no Brasil é a experiência gastronômica. Para quem está fora do Brasil, o foco é nas comidas brasileiras para outros brasileiros, que estão com saudade de casa, do acarajé”, diz ele. Assim, um turista pode chegar na cidade que está visitando e decidir ter um almoço ou jantar caseiro, típico da rotina de quem mora ali. O serviço funciona em 26 países. “Temos um restaurante com três mil mesas, mas não compramos nenhuma mesa. Nossa missão é nos tornarmos o maior restaurante do mundo sem ter um restaurante”.

Também graças à internet, quem viaja tem alternativas como o crowdfunding para turismo sustentável da Garupa, que beneficia projetos que juntem a experiência turística com uma ação social no local visitado. “Tem que ter um compromisso com a sustentabilidade e demonstrar que o projeto gera benefício para as pessoas lá”, opina. Na Bahia, a Garupa já apoiou projetos em Lençóis, no Centro-Sul do estado, e em Maraú, no Sul.

Serviços online não decretam extinção das agências físicas
Apesar das novas possibilidades, não dá para dizer que as agências físicas vão deixar de existir, na opinião de representantes da área. Para o gerente de marketing do Expedia para América Latina, Fernando Botelho, há espaço para todos os tipos de serviço. “Nós não somos os donos da decisão do consumidor. E isso é o legal do mercado, porque ele pode optar pelos canais que ele se sente melhor”, argumenta ele.

A porta-voz do TripAdvisor no Brasil, Cláudia Martinelli, compartilha desse pensamento. “O mercado de turismo é amplo e acredito que tenha espaço para todos os players”. Já o CEO do Melhor Embarque, Tarik Lemes, destacou que, embora acredite que as agências não venham acabar, elas devem diminuir. “Não sei qual vai ser a tendência do mercado, mas cada vez mais vai ter uma participação maior do público jovem, que nasce conectado”.

 Evento discutirá a influência da internet no setor turístico
A revolução que a internet vem promovendo no turismo e em seu modelo de negócio será o tema do segundo seminário do Fórum Agenda Bahia, promovido pelo CORREIO e pela rádio CBN. Em sua sétima edição, o evento conta com quatro seminários para discutir a Economia Mais Forte. Depois de debater Bahia Mais Competitiva, em agosto, será a vez de falar sobre o Turismo no Mundo Digital, na terça, dia 20.

Este ano, o evento tem novo formato: no lugar de palestras e debates durante o dia, os espectadores — que podem se inscrever, de graça, no site, mas com vagas limitadas — assistirão a talk shows pela manhã e participarão de oficinas e painéis, à tarde. No primeiro talk show, às 9h, o gerente de marketing do Expedia na América Latina, Fernando Botelho, vai falar sobre como a tecnologia vai ditar o crescimento das empresas de turismo. Logo em seguida, o diretor da Eletronic Sports League (ESL, a maior empresa de esportes eletrônicos do mundo) do Brasil, Moacyr Junior, vai apresentar como as competições de games movimentam milhões ao redor do planeta. O último talk show será sobre Turismo LGBT, com o fundador do site Viajay, uma plataforma de entretenimento e turismo LGBT que funciona como um guia em oito cidades brasileiras e quatro estrangeiras. Ao final da manhã, os três convidados participam de um painel.

À tarde, o debate será sobre as agências de viagens na era digital, com a presença do secretário estadual do Turismo, José Alves, do sócio-diretor da Intelligent Leisure Solutions Group, Robert Phillips, e da diretora da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih) da Bahia, Renata Prosérpio. Ainda há um painel sobre realidade virtual com a coordenadora de marketing da Rilix (empresa especializada no setor), Caroline Milani, e uma oficina sobre crowdfunding e turismo, com representantes do site Garupa,
Paula Arantes e Eduardo Cordeiro.


Mais notícias
OS SEMINÁRIOS

Bahia mais Competitiva
31 de agosto


Mundo Digital no Turismo
20 de setembro


Diferencial em tempos de crise
08 de novembro


A diferença que o talento faz
09 de novembro

VÍDEOS
Assista às palestras de edições anteriores do Agenda Bahia.
PUBLICAÇÕES
Faça download ou leia online os livros das edições do Agenda Bahia.
Patrocínio global
governobraskencoelba
Apoio Institucional
fiebredebahia
Apoio
barrausetascom
Realização