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Investir no pessoal é o caminho para ter menos faltas, aumentar receitas e até reduzir a quantidade de ações trabalhistas
Donaldson Gomes
donaldson.gomes@redebahia.com.br
Quando uma empresa investe em seus trabalhadores os resultados são percebidos na redução do número de faltas , de acidentes de trabalho, aumentos de receitas, mais retorno para os acionistas e até no menor número de ações trabalhistas. Foi o que apontaram os participantes do painel Cuidar das Pessoas e do Ambiente de Trabalho Dá Lucro, ontem no Fórum Agenda Bahia.
O presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos, Cezar Almeida, acredita que as relações de trabalho passam por uma “revolução” atualmente, onde as empresas estão migrando de uma relação “mecanicista” em relação aos trabalhadores para um relacionamento “orgânico” com a força de trabalho.
“A visão mecanicista sugere que as pessoas são peças e, como tais, podem ser trocadas quando não funcionam. Na visão orgânica, percebe-se que todos têm um valor. Este é o paradigma emergente”, diz. Segundo ele, como a mudança está em curso, os dois paradigmas ainda são percebidos no mercado de trabalho.
As empresas com estruturas orgânicas buscam o “engajamento” das pessoas aos objetivos organizacionais. Segundo Cezar Almeida, pesquisas do setor indicam que o número de faltas cai, em média, 37%, o de acidentes cai 48%, a lealdade do trabalhador aumenta em 39% e o retorno para os acionistas cresce 19%.
No caso da rede de laboratórios Sabin, o investimento em pessoal reduziu até o número de ações trabalhistas. Foram sete nos últimos 15 anos, contou a presidente executiva da empresa, Lídia Abdalla. Segundo ela, a empresa optou por crescer mantendo os valores. “Para atingir 100% da organização com os nossos valores, toda a empresa precisa estar engajada”, diz.
O engenheiro Raymundo Dórea, diretor da Engepiso, conta que o desafio foi levar a visão de valorização do trabalhador para uma pequena empresa prestadora de serviços industriais especializados no ramo da construção civil.
Com os investimentos, o empresário conta que a Engepiso quebrou paradigmas no mercado: “Pequenas empresas da construção são tratadas como ‘subempreiteiras’, mas saímos da realidade de uma empresa que oferece subempregos para produzir conhecimento”.
O Fórum Agenda Bahia, que encerrou ontem a edição 2016, é uma realização do CORREIO e da rádio CBN, em parceria com Braskem, Coelba, Fieb e da prefeitura de Salvador.
Líderes precisam de empatia
Em um mundo onde valores como a empatia ganham cada vez mais importância, os negócios do futuro precisam buscar soluções para problemas e os cidadãos precisam cobrar este tipo de posicionamento das empresas, acredita a semeadora de transformação, Tati Fukamati. Bióloga marinha, com pós-graduação em Neurociência, ela se define como uma apaixonada pelo conceito de empatia e acredita que o desenvolvimento do comportamento é fundamental para as lideranças modernas.
“A empatia tem várias definições. No geral, trata-se de se colocar no lugar do outro e compartilhar um sentimento”, explica ela, que apresentou ontem a oficina Empatia no Processo de Liderança.
Tati conta que em palestras e seminários que tem realizado, os participantes indicam entre os maiores problemas do mundo questões como o preconceito, a pobreza, a fome, o bulliyng, a corrupção, a hipocrisia e o consumismo, entre outros. Para ela, apesar de serem muitos, os problemas têm algo em comum: nascem da falta de empatia entre as pessoas. “A empatia pode funcionar como um dos pontos de acupuntura do mundo. Isso tem muito a ver com os negócios”, acredita.
Como exemplo, ela cita o caso de uma empresa fabricante de roupas que doa um uniforme ou cinco refeições a cada vez que uma peça da marca é vendida. “A ideia surgiu de uma viagem que os empresários fizeram pelo mundo, onde perceberam as necessidades das pessoas”, ressalta.
“A neurociência e a ciência entendem que a capacidade de ter empatia faz parte de todos os seres humanos. Bebês já demonstram (empatia). É preciso que haja uma noção de propósito. Empresas existem para resolver problemas”, conclui.
É preciso romper muros para conseguir inovar
Instituições de ensino que atuam além dos seus muros e vão para as indústrias, agem a favor do meio ambiente e apostam nas demandas das pessoas, conseguem inovar. O Fórum Agenda Bahia reuniu, ontem, três cases que comprovaram isso. Professor de Química da Escola Djalma Pessoa (Sesi-Piatã), Fernando Moutinho defendeu a aposta em pesquisa no ensino médio pela capacidade de projetar o aluno tanto para o ensino técnico como para o campo científico.
Ele orientou as estudantes Camila Santana, 19, Ananda Lima, 20, Aline Cezar, 18, a desenvolver um bioplástico feito com mandioca para embalar mudas de plantas, evitando poluição e servindo de adubo. “A escola foi crucial nesse processo”, destaca Aline.
Outro caso foi o do agora técnico em Informática pelo Senai Bruno Silva, que com três colegas e o apoio do pai, o marceneiro Manuel Silva, desenvolveu um sistema que permite, através da internet, desligar interruptores, controlar a temperatura e fechar uma cortina a distância. “Estamos buscando o primeiro cliente e vamos abrir uma startup”, diz.
O público também conheceu o programa Inova Talentos, do IEL com o CNPq, que aqui na Bahia tem gerado inovações desde a Ford (demonstrado pela engenheira Cristiane Gonçalves) e até em pequenas empresas, como foi o caso da administradora e ex-bolsista do programa Alana Santos, que teve um dos três projetos mais inovadores do Brasil, na área de administração de processos. “São cases que orgulham o sistema indústria por investir nessa nova geração de profissionais aliados aos novos desafios da nossa sociedade”, avalia Flávio Marinho, gerente de Empreendedorismo e Inovação do Senai Cimatec.
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