NOTÍCIAS
Apesar de movimentar cifras bilionárias, mercado de jogos eletrônicos ainda é desprezado no Brasil
Donaldson Gomes
donaldson.gomes@redebahia.com.br
Coisa de criança para uns, o mercado de jogos eletrônicos tem um potencial de mercado que ainda é desprezado no Brasil, apesar de movimentar cifras bilionárias pelo mundo. Um grande exemplo pode ser visto na pequena cidade de Katowice, na Polônia. Com pouco mais de 300 mil habitantes e sem grandes atrativos turísticos, o município recebeu, no ano passado, durante um evento de esportes eletrônicos, mais de 120 mil visitantes.

Evento de esportes eletrônicos realizado em arena na cidade polonesa de Katowice, ano passado, atraiu mais de 120 mil pessoas de todo o mundo e movimentou economia da região Foto: Divulgação
“Foi um ‘deus nos acuda’. Não tinha hotel para tanta gente, os restaurantes não davam conta da demanda, os shoppings abarrotados, virou um pandemônio”, contou ontem o diretor de parcerias da ESL (Eletronic Sports League) Brasil, Moacyr Alves Junior. Ele foi um dos palestrantes da edição de ontem do Fórum Agenda Bahia. O movimento foi tão grande que até as cidades vizinhas perceberam que se tratava de um negócio bom, lembrou ele.
Só a equipe da ESL gastou para organizar o evento mais de 10 mil horas de hotéis, consumiu mais de 38 mil drinks e utilizou mil computadores.
Katowice teve tudo o que precisava para “bombar” em um mercado que cresce sem parar em todo o planeta: apoio. Além de uma arena para a realização do evento, a prefeitura de lá ofereceu isenção de impostos e pagou pouco mais de 1,6 milhão de euros para ser considerada uma cidade amiga dos jogos e para ter exclusividade no evento por dez anos. “Não existe nada melhor do que o dinheiro para fazer as pessoas superarem o preconceito”, brincou.
Segundo Moacyr Alves, a cidade polonesa abriu os olhos para uma realidade à qual o Brasil também precisa atentar: jogo de computador é coisa séria para um público cada vez maior. “Abram a mente, porque há um mercado gigantesco em cima disso”, recomendou.
O mercado de games do Brasil vem sendo olhado com bastante atenção em todo o mundo, menos no próprio Brasil, afirmou. “No ano passado eu viajei para mais de 20 países falando do crescimento da área de esportes eletrônicos aqui no país. Fui na China, Índia; só na Malásia foram quatro vezes. Sabe onde eu menos falo sobre o nosso mercado? Aqui”, disse.

Moacyr Alves Junior defende que Brasil passe a levar os jogos a sério
Foto: Evandro Veiga
Quando Moacyr contou para a família que iria trabalhar com jogos de computador, o pai dele chegou a lhe perguntar se precisava de ajuda para arrumar um emprego. Não era esse o caso, mas a situação ajuda a entender como o mercado de games ainda é visto no país. O problema, analisa ele, é que esse olhar é incompatível com a realidade.
Recentemente, a ESL Brasil abriu as inscrições para o primeiro evento no país, no Ibirapuera, em São Paulo, para 30 mil pessoas. Os ingressos foram vendidos em menos de três horas. Incluídos aí passaportes vips, com direito a visita guiada pela arena, ao custo de R$ 900. O primeiro lote, com 600 entradas, foi vendido em menos de três minutos. “Há três meses, a (TV) Globo transmitiu um campeonato na Malásia, às 4h da manhã, e tinha mais de 675 mil pessoas acordadas, assistindo”, lembrou.
Ele lembra que o público dos jogos é bem diferente do que está no imaginário das pessoas. “Estamos falando sobretudo de pessoas entre 17 e 36 anos, que têm alto poder aquisitivo. São consumidores que não se importam em pagar R$ 15 mil em um laptop de altíssima performance para jogar”, ilustrou.
O atendimento da demanda reprimida que esse mercado possui pode fazer muito bem a uma cidade como Salvador, acredita Moacyr. “Se uma cidade como Katowice, que não tem outros atrativos, como Centro Histórico e praias, está bombando por causa dos games, imagina o potencial que vocês estão deixando de aproveitar aqui”, citou.
O Fórum Agenda Bahia é uma realização do CORREIO e rádio CBN, em parceria com a Fieb, Braskem, Coelba e Governo do Estado.
Mais notícias
Apesar de ser referência, Parque Tecnológico enfrenta vários desafios
Bahia é destaque em pesquisas de produção de tecnologia para a saúde
Empresas baianas de tecnologia incubadas no Parque Tecnológico, em Salvador, conquistam clientes de todo o Brasil
Influenciada por novas tecnologias, processo educacional passa por transformação e requer um novo tipo de educador
OS SEMINÁRIOS
Bahia mais Competitiva
31 de agosto
Mundo Digital no Turismo
20 de setembro
Diferencial em tempos de crise
08 de novembro
A diferença que o talento faz
09 de novembro
VÍDEOS
Assista às palestras de edições anteriores do Agenda Bahia.
PUBLICAÇÕES
Faça download ou leia online os livros das edições do Agenda Bahia.











