Especialistas apontam as tendências para o turismo; customização de destinos e pacotes é maior
Thais Borges
thais.borges@redebahia.com.br
Tarifas de passagem que se ajustam à necessidade do viajante, aplicativos capazes de resolver qualquer imprevisto na viagem, destinos inteligentes e até hospedagens que aceitam o valor da diária que o turista quiser e puder pagar. Essas são algumas das novidades que as empresas de turismo do mercado digital prometem para o futuro – e um futuro não muito distante.
Uma tendência que já se consolidou no exterior e deve chegar ao Brasil em breve é a possibilidade de pagar um valor personalizado nas tarifas, como explica o gerente de marketing do Expedia na América Latina, Fernando Botelho. “A gente está desenvolvendo para alguns sites do Expedia pelo mundo o conceito de pagar por aquilo que importa para você. Às vezes, para você, não é importante uma poltrona mais espaçosa, mas é importante levar três malas. Mas e se eu quero levar pouca coisa, por que eu tenho que pagar o mesmo preço de quem vai levar três bagagens?”, argumenta Botelho.

Raymundo Quadros e João Câncio vão lançar um site em que o turista vai decidir o preço que quer pagar (Foto: Divulgação)
Assim, o próprio sistema das chamadas agências de viagens online (ou OTAs, na sigla em inglês) vai cruzar os dados das empresas aéreas e “entregar” ao consumidor o que for mais importante. Segundo Botelho, isso ainda não está disponível no Expedia brasileiro devido ao método ‘test and learn’ (teste e aprenda, em tradução simples) utilizado pelo portal. Os testes costumam ser realizados primeiro nos países com maior número de transações – como é o caso da versão original, o Expedia norte-americano. “Assim, a gente consegue aprender mais rápido, para depois ir para outros locais”. O ‘test and learn’ se baseia justamente em uma análise dos dados que o usuário do site envia ao reagir à interface da plataforma.
Regras
No caso do Brasil, a possibilidade de ter o valor da tarifa de acordo com a necessidade do turista ainda esbarra nas regras que regem os direitos dos passageiros da aviação civil. Mas, desde março deste ano, a Agência Nacional da Aviação Civil (Anac) propôs mudanças nas normas, incluindo o fim da obrigatoriedade, por parte das companhias aéreas, de permitir malas gratuitamente de até 23 quilos em voos nacionais ou duas de 32 quilos em voos internacionais. Se a nova proposta for aprovada, cada companhia aérea vai decidir como será a cobrança. Da mesma forma, o peso máximo da bagagem de mão passaria de cinco para 10 quilos.
A proposta é que, no futuro, o viajante seja acompanhado por toda a viagem. Segundo o Expedia, um aplicativo vai avisar em qual esteira está a sua mala, qual é o portão do seu voo de conexão e se a televisão do hotel está ou não funcionando como deveria.
“O futuro é você falar ‘tem alguém cuidando de mim’. É um formato onde o consumidor coloca as opiniões online e a gente repassa aos parceiros no mesmo momento”, prevê Botelho, que complementa: “Se você chegou no hotel e a televisão não está como deveria, o hotel vai conseguir resolver de uma forma mais eficiente. Tudo ao vivo e online, para que o consumidor tenha a melhor experiência”.
Todo esse acompanhamento está bem ligado ao que o diretor de administração e porta-voz do Ministério do Turismo, Ítalo Mendes, diz que são os ‘smart destinations’ (destinos inteligentes em inglês, numa alusão às smart cities, ou cidades inteligentes). Segundo ele, tanto os apps quanto a economia criativa têm mudado o cenário do turista nas cidades.
“As principais startups que surgiram no mercado recentemente e ganharam projeção ou são do setor de turismo ou têm um faceta dessa, como o Airbnb e o Uber. O setor (turístico) tem se transformado pelas novas tecnologias”, pontua Mendes.
De acordo com ele, um dos cinco eixos do Programa de Fortalecimento da Gestão Pública do Turismo, lançado em julho pelo Ministério do Turismo, é justamente projetar ações de inovação para o setor. Enquanto isso, há experiências individuais de destinos inteligentes por aqui. Em Maceió, por exemplo, há um projeto de wifi na orla marítima que inclui a conexão até em jangadas.
Ferramentas
Investir nas ferramentas virtuais vai se tornar, cada vez mais, um requisito para o turismo, na opinião da professora Débora Zouain, coordenadora do Observatório de Turismo da Unigranrio. “Com isso, haverá o surgimento de disciplinas e exigência de novas competências para os profissionais da área. O mercado está exigindo novas estruturas tecnológicas, de formação, e novos produtos sob demanda para o consumidor, algo personalizado”, acredita.
Mas, embora algumas tendências ainda não tenham se concretizado no Brasil, já tem quem ande investindo em produtos cada vez mais com a cara do cliente – e construído a partir da necessidade dele. É o caso, por exemplo, da plataforma HotelQuando.com, que permite que o usuário reserve um quarto de hotel por um tempo menor que as tradicionais diárias. São pacotes de três, seis, nove ou 12 horas. Fundado há dois anos, o site já conta com mais de 450 hotéis cadastrados nas principais capitais do país, segundo a assessoria da ferramenta. Entre eles estão as redes AccorHotels, Intercity e Brazil Hospitality Group. Entre os mais de 500 clientes estão agências de viagens corporativas e empresas como Globo.com e Phillips.
Diferencial
Também pensando nas necessidades diferenciadas do público na hora de se hospedar, os empresários baianos Raymundo Quadros e João Câncio se juntaram, em 2014, para criar o Lance Hotéis (lancehoteis.com), que deve ser lançado oficialmente no próximo mês. À primeira vista, eles podem soar como mais uma OTA para localizar hotéis, pousadas ou hostels. Mas há um diferencial: a possibilidade de o viajante fazer uma oferta – dar um lance – para o hotel, surgindo um novo valor para a diária. “Vai estar lá, por exemplo, que a diária é R$ 300 e o viajante vai dizer: ‘pago R$ 250’. E dá o lance”, explica Raymundo.
O estabelecimento tem, assim, 24 horas para responder à proposta. Depois, o usuário tem até 12 horas para confirmar ou não a reserva feita através do site. Depois, é só informar os dados do cartão de crédito. A ideia, segundo Raymundo, foi adaptada de uma situação que já acontece em sites gringos. Segundo eles, mais de 2,4 mil hospedagens em todo o Brasil já são parceiras do Lance, incluindo a rede Windsor. O Fórum Agenda Bahia é uma realização do CORREIO e rádio CBN, em parceria com Fieb, Braskem, Coelba e governo do estado.
Colaborou Alexandro Mota
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