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Venda de produtos turísticos para grupos segmentados cresce na contramão da crise
Cada vez mais são usados instrumentos digitais, como sites e aplicativos, para intermediar a relação entre agentes e viajantes
Lucy Brandão Barreto
lucy.barreto@redebahia.com.br
Conhecer lugares do Brasil e do mundo é o sonho de muita gente, mas grande parte das pessoas só tem tempo e dinheiro para botar o pé na estrada depois que se aposenta. Este é um dos motivos pelos quais o mercado especializado no turismo para a terceira idade só cresce – entre 2011 e 2015 aumentou 11%, sendo 18 milhões de viagens somente em 2015, de acordo com o Ministério do Turismo (MTur).

Grupo da Pastore Turismo, especializada em pacotes para idosos: comunicação com clientes por e-mail
Para os próximos meses, a expectativa continua em alta. Isso porque a Sondagem do Consumidor – Intenção de Viagem de agosto, realizada pelo MTur em parceria com a Fundação Getulio Vargas, apontou que 68,6% dos idosos pretendem viajar no recesso e férias de Verão para destinos nacionais – contra 62,9% no último ano.
Boa notícia para os empresários do setor, que investem na expertise para conquistar a turma com mais de 60 anos. É o caso de Maurício Pastore, diretor da Pastore Turismo, com sede em São Paulo. Há 30 anos no ramo, ele começou a trabalhar com grupos da melhor idade há 10 e logo sentiu a diferença no volume de vendas. “Há 10 anos, as viagens para a terceira idade representavam apenas 10% do meu movimento. Hoje é 100%”, destaca.
Segundo o proprietário da agência, esse é um público fiel e 50% dos clientes viajam pelo menos três vezes por ano. “Mas é também um nicho muito exigente. Eles não confiam em qualquer pessoa. A indicação dos amigos é o que mais traz esse tipo de cliente para nossa agência”, afirma Maurício e garante que é um mercado difícil de entrar, embora seja promissor. “É um nicho muito fechado, mas depois que você entra, se fizer um serviço bem feito, fica para sempre”, completa.
A Pastore Turismo adota alguns cuidados especiais em relação ao público desse segmento, como a escolha dos passeios conforme a possibilidade de locomoção das pessoas idosas e acompanhamento de agentes em cada grupo de viagem. “Eles são muito carentes, então tem que acompanhar, conversar muito. Para eles, isso é mais importante que o preço da viagem. Mas não faço por obrigação, é o que gosto de fazer”.
Nada de ficar no sofá
Foi esse acolhimento que fez com que a aposentada Neide Carelli, 75 anos, ganhasse confiança para voar mais alto. À frente de um grupo de quase 80 pessoas da melhor idade, ela organizava passeios próximos a São Paulo. Depois de conhecer a Pastore Turismo, já viajou com as amigas para destinos nacionais e internacionais. Só este ano, foram para Ouro Preto (MG), Itália e Portugal. Agora planejam a próxima aventura, que será nas Ilhas Gregas, no ano que vem. “Nada de ficar no sofá, a gente ainda tem muito o que viver”, diz sorridente.
“A maioria das ‘meninas’ do grupo é viúva ou separada e não quer ficar amolando a família. É melhor viajar com gente da nossa idade, porque os assuntos são os mesmos, a gente se diverte, come bem, é tudo de bom. A gente passa a ver a vida diferente”, complementa.

Já a Catedral aposta no turismo religioso; em viagem recente o grupo conheceu os jardins do Vaticano
Viagem pela internet
Engana-se quem pensa que os turistas com uma certa idade ainda trocam cartas com os agentes. De acordo com Maurício Pastore, essa prática vem mudando nos últimos dois anos, quando passou a ousar na comunicação via internet com seu público, mesmo sabendo das dificuldades da maioria. “O mundo digital é uma realidade sem volta, ou as agências se adaptam ou vão ficar de fora do mercado”.
Na Pastore Turismo, quase toda a comunicação que era feita por meio de aviso escrito e enviado pelos Correios, agora é realizada via e-mail. “Já para divulgar nosso trabalho, funciona mais o Facebook, que a maioria das senhorinhas já começou a dominar”.
Roteiro abençoado
A segmentação dos serviços também foi a aposta de Leila Farias, da Catedral Viagens – especializada em turismo religioso – para alavancar os negócios. “Acredito muito na segmentação, tenho o know-how na área e ajudo meus clientes no que eles querem. Você se especializa nisso e oferece um serviço diferenciado”, observa.
Antes de se tornar franqueada da Catedral Viagens, ela trabalhava há 17 anos na área financeira de uma empresa e tinha a ideia de montar um negócio, mas ainda não sabia qual. Há um ano, a agente de viagem, que também se considera uma romeira e católica ativa, fez uma visita a Aparecida (SP) e conheceu o dono da operadora paulista. “O Claudemir, dono da Catedral em Campinas, queria alguém em Salvador, mas queria uma pessoa ligada à igreja. Então essa oportunidade veio no momento certo, eu atribuo à providência divina”.
De acordo com Leila, os grupos de viagens religiosas têm integrantes de todas as idades, desde adolescentes de 17 anos, adultos de 30 ou 40, até uma idosa de 79 anos. “Centenas de pessoas viajam anualmente por motivos religiosos para vários destinos nacionais e internacionais”, destaca. Entre os destinos mais procurados, segundo Leila, no Brasil estão Fátima e Aparecida, enquanto entre os internacionais despontam Roma e Terra Santa.
O Turismo no Mundo Digital é o tema do Fórum Agenda Bahia de terça-feira (20). O evento é realizado pelo CORREIO e pela rádio CBN, em parceria com Braskem, Coelba e Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb).
Turismo LGBT cresce 10% por ano
O público composto por lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros (LGBT) representa 10% dos viajantes no mundo e movimenta 15% do faturamento do setor, segundo dados da Organização Mundial do Turismo (OMT). Enquanto o mercado mundial cresce 3,8% ao ano, o segmento avança a 10,3%. O Brasil é um dos países mais procurados na América do Sul pelos turistas desse nicho pela realização de mais de 180 Paradas LGBTs por ano, além de festas como o Carnaval.
Apesar disso, faltam serviços especializados para este segmento. É o que afirma Fernando Sandes, idealizador do site Viajay. “Sempre fui apaixonado por viagens e quando fui para Buenos Aires procurei informações sobre baladas LGBT, mas não achei muita coisa. Foi aí que percebi que não existia nenhuma plataforma especializada no Brasil e em outros lugares com informações para esse público sobre os melhores lugares, os hotéis, baladas, passeios e outras opções no destino escolhido”, revela Sandes, que já atuava no mercado de startups, sobre a ideia para o novo negócio.
O Viajay (www.viajay.com.br) é uma plataforma digital que funciona como uma espécie de guia de turismo LGBT. “A ideia é indicar o lugar ideal, mostrar fotos, apontar onde fica, como chegar, quanto você vai gastar. São informações não só da cidade, como já é feito pelos guias tradicionais, mas das baladas e bares, por exemplo. É algo com cara de rede social”, descreve Fernando.

Fernando Sandes: criador do site Viajay voltado ao público LGBT
Para ele, a proposta surgiu não apenas de uma necessidade pessoal, mas da percepção de que pode ser um excelente negócio. “Já existem hotéis que estão pagando para ser considerados gay friendly (sem preconceito com o público LGBT)”.
Além de guia, o Viajay deve ser tornar, em breve, uma agência digital. “Vamos lançar o site em inglês e em um futuro próximo vamos criar uma rede para oferecer hospedagem”, adianta. “A gente está estudando muito para conhecer nosso cliente e prestar um serviço de qualidade. Sabemos que é um turista que gosta muito de viajar – viaja quatro vezes mais que o turista heterossexual – e gasta 30% a mais que o hetero no destino”, completa Fernando Sandes.
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