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Para atender à demanda e melhorar a eficiência energética, Coelba investe em inovação
A Coelba pretende investir R$ 1,190 bilhão, este ano, em melhorias na infraestrutura para a distribuição de energia na Bahia. Para os próximos anos, a empresa planeja superar os valores previstos para 2016
Donaldson Gomes
donaldson.gomes@redebahia.com.br
Quando aciona o interruptor e a luz acende, ou aperta o controle e a TV liga, ou o chuveiro aquece na hora do banho, o consumidor normalmente não faz a menor ideia do caminho que a energia percorre até a casa dele. É o que a Coelba faz na Bahia: investe alto para que a eletricidade esteja presente na vida dos baianos, quase como algo natural. Só este ano, a empresa tem planos de gastar R$ 1,190 bilhão para atender a demanda atual e preparar o estado para novas oportunidades, e assim dar suporte na área energética para o desenvolvimento da Bahia.

José Roberto Medeiros é engenheiro elétrico e há dois anos, presidente da Coelba, empresa do grupo Neonergia. Antes disso, foi presidente da Cosern, durante 11 anos, outra distribuidora do grupo, que atua no Rio Grande do Norte, e onde ele iniciou a carreira profissional como estagiário na década de 80 (Foto: Mauro Akin Nassor)
O presidente da Coelba, José Roberto de Medeiros, explica, em entrevista ao CORREIO, como é que a empresa se planeja para atender às necessidades do estado e analisa as perspectivas para o setor elétrico nos próximos anos. Economia Mais Forte é o tema principal do Fórum Agenda Bahia deste ano. Energia é essencial para o crescimento do país.
O cidadão comum conhece pouco o sistema elétrico. Como são divididas as funções?
Existem agentes no sistema elétrico que são responsáveis pela geração de energia, outros que são responsáveis pela transmissão, os de distribuição, que é o caso da Coelba, e tem também os comercializadores. São basicamente quatro e trabalham totalmente independentes, do ponto de vista empresarial. Uma empresa de distribuição, como a Coelba, não pode fazer outra atividade, como gerar energia, por exemplo. Cada agente tem a sua atividade específica e se vincula a essa atividade. Por esse modelo, cada um tem o seu papel bem estabelecido. Um gera a energia, seja solar, hidráulica, eólica ou térmica. O outro leva a energia do gerador ao distribuidor, que distribui a energia para o consumidor.
O que a Coelba faz, especificamente?
A energia é gerada, transmitida e chega até nós. A Coelba tem um contrato de concessão para distribuir energia em 415 dos 417 municípios do estado. O que nós fazemos? Pegamos a energia que recebemos, transformamos e entregamos nas residências no nível de tensão adequado para que as pessoas utilizem em suas residências.
A Bahia é um estado de área comparável à da França. Quais são os desafios para oferecer um serviço de qualidade em uma área tão grande?
Para responder a essa questão a gente precisa entrar um pouco na área de planejamento. A economia do estado é quem vai estabelecer para onde a rede elétrica tem que ir. Por outro lado, para onde a rede elétrica vai, a economia acaba indo também. Por isso nós trabalhamos com planos decenais de planejamento. Temos estudos que mostram onde é que deveremos estar em termos de rede daqui a dez anos, visualizando qual seria a rede necessária para dar conta daquele horizonte.
Como é feito o planejamento?
Este planejamento é feito com base em dados da operação atual e também com informações relacionadas ao crescimento da economia. Fazemos isso através de parcerias com órgãos governamentais, secretarias estaduais vinculadas ao estudo do desenvolvimento e a atração de empreendimentos industriais, comerciais e turísticos para diversos locais do estado. Isso tudo nos orienta a respeito de como precisaremos estar daqui a dez anos.
E qual direção o desenvolvimento do estado vai tomar?
A nossa perspectiva é de que a Bahia apresente crescimento em todas as regiões.
Historicamente, a Bahia tem um desenvolvimento concentrado na Região Metropolitana. Este cenário vai se modificar?
De fato, há uma concentração econômica bastante elevada na RMS, algo próximo de 40%. Então, é claro que os grandes investimentos acabam se concentrando, porque gastou-se muito para montar a rede e gasta-se para manter em funcionamento e pronta para atender a demanda presente e futura. Mas as outras regiões do estado também têm boas perspectivas de crescimento.
Quando acontece o anúncio de instalação de um grande investimento no estado, vocês precisam estar prontos.
Temos que oferecer a quantidade de energia necessária, com a qualidade necessária para o empreendimento operar. Os estudos são feitos para dez anos, depois para cinco anos e renovados anualmente. A cada ano, a gente revisita o processo, acrescenta um ano à frente e revisita tudo para estarmos sempre atualizados. Ao longo do processo vamos fazer adequações. Imagine que uma indústria automobilística não estava prevista em nosso planejamento, mas anuncia a implantação para daqui a dez anos. Neste caso, vamos rever o planejamento para garantir o fornecimento da energia necessária.
Já é possível dizer qual será o investimento da Coelba na Bahia nos próximos dez anos?
Posso te dizer que este ano a Coelba está investimento R$ 1,190 bilhão. E para os próximos anos, apesar de estudos já apontarem as prioridades, podemos dizer que serão investimentos que vão superar o valor previsto para o ano de 2016. Este ano, temos investimento pesados nas redes de todo o estado, tanto em subestações e linhas.
O investidor busca energia barata e de boa qualidade. Como a Bahia está posicionada em relação a essas duas variáveis?
Existe a rede elétrica de responsabilidade das distribuidoras, mas uma parte da rede é dos transmissores, que é o que se convenciona chamar de rede básica. Ela é prospectada e construída por outros agentes, que não a Coelba. A gente precisa ter o sucesso da rede básica para ter a rede alimentada e chegar ao consumidor. O que subsidia o desenvolvimento dessa rede? Existe uma empresa ligada ao Ministério das Minas e Energia (MME) voltada à pesquisa energética, a EPE (Empresa de Energia Elétrica). Ela também tem as suas ferramentas de trabalho, seus dados, para montar a rede básica. Estuda as necessidades e também trabalha com planos decenais. Com base nesses estudos, indica ao regulador onde precisam ser feitos os leilões para novos investimentos. Empreendimentos são construídos, postos em operação e alimentam a rede. Desta maneira, temos condições de chegar ao nosso consumidor. A situação da Bahia é definida pelos estudos da EPE, leilões da Aneel e tem a nossa rede para atender o consumidor. Se me perguntar se está tudo em dia, repondo que é de conhecimento geral que a rede básica tem alguns gargalos por conta de empreendimentos que deveriam ter sido construídos anteriormente e ainda não foram. O que posso garantir é que do ponto de vista daquilo que é de nossa responsabilidade, está tudo em dia.
Qual é a estrutura que a Coelba dispõe para atender o estado?
Nós temos uma estrutura de subestações, que transforma do nível que recebemos a energia para o nível do cliente. São estruturas em sua grande maioria automatizadas, onde a gente faz a operação aqui deste prédio (sede da Coelba, no Cabula). Temos religadores automatizados, tudo para garantir o funcionamento perfeito. É uma estrutura muito grande. Nós temos 3,5 milhões de postes, só para se ter uma ideia da estrutura que temos, para dar conta deste estado do tamanho do França. Para dar conta de uma rede desta, em boas condições de operação com qualidade, atendendo às necessidades do consumidor, temos pessoas espalhadas por todo o estado. São anos de trabalho, planejamento com dez anos de antecedência, para que a luz acenda quando a pessoa precisar. A Coelba está espalhada pelo território de maneira muito ampla, com pessoas e equipamentos. Hoje temos uma força de trabalho, geral, de 14 mil pessoas.
Ultimamente tem se falado muito na necessidade de investir em eficiência energética. Como está sendo o trabalho de vocês nesta área?
A energia é um recurso escasso e caro. Temos programas que se voltam para diversas camadas da população. Há programas para a baixa renda, para a administração pública, etc. São recursos investidos para que haja consumo mais eficiente. E além da questão voltada diretamente para a eficiência, ainda se tem a inovação. Temos projetos de estudar novos equipamentos, para evoluir no processo, tornando-o cada vez mais eficiente.
Que projetos são esses?
Tem um equipamento que eu considero importante e tem visibilidade grande nacionalmente, que são detectores de falta. A gente instala na rede um sensor de falta, que colocamos na rede e ele percebe se houve curto e informa o centro de operação. Isso dá a informação a respeito de onde está o problema. É desenvolvimento da Coelba, junto com institutos que nós contratamos. Hoje já temos 1,3 mil na Coelba, desde o ano passado. E outras distribuidoras já estão utilizando.
Como a Bahia está em relação à universalização do fornecimento?
Todas as sedes dos municípios baianos já tem energia. E temos algumas áreas rurais que trabalhamos, através do Luz para Todos. Este ano vamos chegar a 30 mil residências não atendidas e temos a expectativa de fazer mais de 140 mil ligações nos próximos anos, no meio rural. A Bahia tem o maior número de ligações no programa. Desde que se iniciou, em 2004, já foram 580 mil.
Qual é o maior desafio do sistema elétrico brasileiro?
É atender a carga nacional, dentro das necessidades. Dentro do arcabouço que existe, com a EPE, com o Operador Nacional do Sistema (ONS), que estejamos prontos a atender com qualidade o território. Isso passa por geração, transmissão e distribuição. Além de ter a geração, é preciso ter a rede para transmitir.
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