NOTÍCIAS
Relação entre poder público e iniciativa privada precisa ser modificado, defende o cientista político
Donaldson Gomes
donaldson.gomes@redebahia.com.br
A entrada do Brasil em um novo ciclo de desenvolvimento passa tanto por reformas na área econômica quanto pela definição de um novo modelo de relacionamento entre a iniciativa privada e o poder público no país. Para o cientista político Murillo de Aragão, presidente da Arko Advice Pesquisas, é hora de sair de cena o relacionamento marcado pelo favorecimento de determinados grupos e interesses, para o início de uma nova era, marcada por mais transparência nas relações.
“O ‘capitalismo tupiniquim’, centralizador e com a escolha de campeões, para quem o governo direcionava benefícios, falhou. Esse tipo de relação nos levou à Operação Lava Jato”, lembra . Uma das principais expectativas dele em relação aos dois anos e meio do presidente Michel Temer no comando da República é que ele estabeleça um novo modelo de diálogo com a sociedade brasileira. E que a sociedade “cobre um diálogo maior e participe mais”.
“O governo federal vai precisar fazer uma série de ajustes drásticos. A dimensão desse ajuste e o modo como ele será implementado precisam ser discutidos por toda a sociedade”, acredita o cientista político. Entre os temas que deverão entrar na pauta em breve ele destaca as reformas da Previdência e das relações trabalhistas. “O modelo que será definido – e mesmo o tamanho dessas definições – vai depender muito da participação da sociedade”, afirma. “É preciso que o brasileiro participe e participar, nesse caso, não se trata apenas de reclamar”. A Arko Advice tem escritório no Brasil e no exterior e tem em seu portfolio mais de 100 clientes.
Sem atalhos
Nos novos tempos, pós-operação Lava Jato, há espaço para a participação da iniciativa privada na economia, porém, o modelo de participação precisa se diferenciar do que ficou notabilizado no governo Dilma, acredita.
“As empresas precisam perceber que não existe mais espaços para a criação de atalhos na relação com o governo. O Brasil que emerge da crise exige mais participação do cidadão”, acredita. A iniciativa privada deverá pressionar o governo para cobrar um melhor ambiente de negócios, com um planejamento de melhor qualidade.
Outra mudança necessária está em um maior diálogo entre os atores da sociedade. “Vamos ter que conversar mais com nossos vizinhos. Do que eu estou falando? Do patrão com o empregado, por exemplo. Estão rigorosamente no mesmo barco: dependem da empresa para viver”, diz. “Se é assim, por que às vezes remam em direções opostas?”, questiona.
“Brasil vive uma das crises mais complexas, intrigantes e multipolar da história. Por quê? Ela atinge o poder público, com efeitos no Executivo e no Legislativo, atinge o setor privado, envolve a Justiça e tem inflências e repercussões externas”, analisa.
Se no curto prazo os sinais indicam uma melhoria no cenário, o que ainda está indefinido é o cenário econômico a longo prazo, destaca Murillo Aragão. “A economia já está dando sinais de melhora. Issso pode ser percebido no cenário mais imediato. Temos que nos preocupar com o futuro mesmo, com o país que deixaremos para nossos filhos e netos”, avisa.
Nesse sentido, o analista político considera um aspecto fundamental o tratamento que será dado às empresas envolvidas na Operação Lava Jato. “É preciso uma pressão da sociedade em relação aos acordos de leniência. Não é possível que governo deixe empresas importantes impedidas de prestar serviços”.
Segundo ele, isso não significa esquecer qualquer malfeito. “Cobrem-se pesadas multas. Nos Estados Unidos é assim, na Alemanha é assim. A Siemens e a Alstom erraram, pagaram o preço por isso lá fora, mas não deixaram de existir, porque isso penalizaria toda a sociedade”, justifica.
Internamente, ele considera fundamental que o governo priorize a adoção de medidas para adequar os gastos à realidade financeira do país. “O equilíbrio fiscal cria o ambiente favorável para o retorno dos investimentos no país. Hoje, nós temos como herança do governo Dilma a destruição do equilíbrio fiscal no país, o que nos obrigará a tomar medidas dramáticas para recuperar as contas públicas”, diz.
Otimismo
Murillo de Aragão participou de debate, no Fórum Agenda Bahia, com Zica Assis, sócia do Instituto Beleza Natural, no painel O que Esperar de 2017. Zica destacou a importância de um líder em projetos como o dela. No entanto, destacou que um líder não pode apenas exigir. Tem que se doar também, lutando pela qualidade de vida e crescimento dos funcionários. Apesar do “pesadelo”, Aragão se mostrou otimista com o futuro do Brasil. “Impossível não ser otimista com histórias de superação como a de Zica”, disse. O Beleza Natural cresceu este ano 13% ao inovar na crise.
Para a empresária, a crise serviu para cortar excessos e melhorar a gestão na empresa. “Olhando para dentro do Beleza Natural, a gente conseguiu encontrar caminhos que estão sendo fantásticos”, contou ela. “Tem aqueles que lutam, mas tem aqueles que infelizmente não gostam. Tem que acreditar em si próprio para vencer e muito trabalho, porque só trabalhando muito é que consegue vencer”.
Colaborou Thais Borges
Mais notícias
OS SEMINÁRIOS
Bahia mais Competitiva
31 de agosto
Mundo Digital no Turismo
20 de setembro
Diferencial em tempos de crise
08 de novembro
A diferença que o talento faz
09 de novembro
VÍDEOS
Assista às palestras de edições anteriores do Agenda Bahia.
PUBLICAÇÕES
Faça download ou leia online os livros das edições do Agenda Bahia.











