Que sexteto: os novos selecionados do Afro Fashion Day

Confira quem são os novos modelos não-agenciados do AFD 2017:

Monique Menezes de Lemos, 13 anos, que mora em Mirantes de Periperi, e participou da seleção de Plataforma, acha que o AFD é “um projeto muito bonito”, do qual ela se sente honrada em participar. “Nós, negros, temos nossos direitos e merecemos ter oportunidade. Esse desfile prova a importância da cultura  negra, da nossa raça”. Apesar da pouca idade, a estudante, que cursa o 8º ano do ensino fundamental, diz que vai chegar na passarela para mostrar a sua força: “O importante é dizer cheguei. Eu sou poderosa e eu posso”.

Os modelos não agenciados Evandison Salvador, Laís Costa Pereira e Rafael Costa na final das seletivas do Afro Fashion Day (Fotos: Antonio Chequer)

Monique é a autoestima em pessoa e além de querer ser modelo, e atriz, planeja estudar direito para ser desembargadora. “Gosto de política. Queria ser presidente do Brasil. Mas o tempo foi passando e fui avaliando que preciso de uma profissão para defender as pessoas”. Assim como a adolescente, Yulli Falcão também deseja ter mais uma profissão além de modelar: “Quero estudar comunicação na área de produção cultural”.

O jovem de 18 anos que mora em Jacuípe, Camaçari, Região Metropolitana de Salvador, apesar de ter pouca experiência como modelo, já compreendeu a essência do trabalho. “O mais importante durante o desfile é passar autoconfiança. Eu confiei em mim, que era capaz, e fui”, contou o rapaz que faz curso de Tecnologia da Informação. Yulli enfatizou ainda que estar no AFD faz parte do seu processo de autoafirmação. “É um desfile significativo. Os negros não são reconhecidos apenas pela beleza, mas enquanto valorização, enquanto descendentes de uma cultura rica”.

A atendente de call center Laís Costa Pereira, 17, que mora em Pau da Lima e participou da seletiva do Curuzu, diz que estar no AFD foi “a realização de uma meta”. “O evento é super top. Mostra os negros da forma que tem de ser, valorizados”, compartilha a jovem que, além das passarelas, também sonha estudar Publicidade e fazer uma pós em educação sexual. Assim como ela, Diana Silva, 19, que trabalha como vendedora, estará no evento e tem como plano para o futuro, o “sucesso”. “É importante para mim participar do Afro porque eu não sou agenciada e esse momento me dará visibilidade. Vou agarrar a oportunidade com unhas e dentes”, concluiu a moradora do bairro do Garcia, que participou da seletiva em Itapuã.

Yulli Falcão, Monique Lemos e Diana Silva vão desfilar na passarela do AFD 2017 no dia 18 de novembro, no Porto Salvador Eventos, no Comércio

 Rafael Costa Santos, 26, auxiliar administrativo e estudante de Mecânica Industrial, avalia poder participar do Afro como um “degrau a mais” em sua vida. “Para mim, significa muita coisa. Porque além de me abrir portas, foi algo que não imaginei. Foi acima da minha expectativa. Estou feliz pela oportunidade de fazer parte dos pretos mais bonitos da cidade”, contou o morador do Beiru-Tancredo Neves. Ele destaca ainda que, para estar na passarela, é preciso “ser ousado e ter atitude, mas com naturalidade” e considera o evento “maravilhoso pela credibilidade e por representar a consciência negra na Bahia” no ramo da moda, área com a qual se identificou e que pretende seguir.

O técnico de enfermagem e morador do Lobato Evandison Salvador, 26, considera o Afro Fashion Day uma ação necessária para a descoberta de novos rostos. “É um dos eventos mais esperados por todos os modelos da Bahia”, avalia. Ele garante que vai “imprimir sua personalidade com firmeza” na passarela e tem como projeto de vida seguir a carreira de modelo no Brasil ou fora do país.

Conheça os dois primeiros selecionados
Ivan Lima, 17 anos, participou da seletiva do Bonfim, Cidade Baixa, e venceu a final. Para ele, participar do Afro Fashion Day significa um sonho realizado. O jovem que, ao lado de Luciana Dantas, 15, foi o mais bem votado pelos jurados, tentou participar do evento em 2016, mas não conseguiu por questões pessoais. “Esse ano fui com tudo. Sou fã desde a primeira edição. A produção do evento é  muito sofisticada”, contou o estudante do 3º ano do ensino médio, que está feliz por dividir a passarela com profissionais que admira, como os modelos Hebert Gonçalves e Sarah Rocha. “Eu já os amava pelas redes sociais, quando não os conhecia pessoalmente”.

Ivan Lima e Luciana Dantas, ganhadores da grande final da seletiva dos bairros do evento de moda / Foto: Angeluci Figueiredo

O jovem morador da Ribeira disse que estar no projeto é como “passar um filme na cabeça”. “Só penso em arrasar e dar o meu melhor. Me formo agora e ano que vem quero seguir na carreira de modelo. Vou para São Paulo. Quero me jogar”, revelou. Assim como Ivan, Luciana foi uma das escolhidas na finalíssima. “Foi uma conquista muito grande. Lutei para isso”. Para ela, o AFD é um evento importante por potencializar a auto estima e a alegria. “Quando a plateia começa a gritar, aplaudir, não tem como explicar. Da mais vontade de ter atitude. Empodera”, contou a estudante do 1º ano do ensino médio, que mora no bairro de Trobogy, mas foi criada em Nazaré das Farinhas e pretende estudar química.

Serviço
Este ano, o Afro Fashion Day, que traz como tema os quatro elementos da natureza (ar, água, fogo e terra), acontecerá das 9h às 20h, no sábado, 18 de novembro, no Porto Salvador (Avenida da França, 393, Comércio). Além do desfile, haverá atividades como exposição, loja colaborativa, bate-papos e manifestações culturais. O Afro Fashion Day é realizado pelo CORREIO, com apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador e patrocínio da Avon.

Midiã Noelle
*colaborou para o Correio