Natureza e Cultura Ecoturismo e vivências também estão entre as opções de entretenimento em Camaçari

Victor Villarpando – @victorvillarpando

Cachoeirinha de Barra do Pojuca

O que tem
Um rio de águas limpas com uma área que concentra pequenas cachoeiras e piscinas naturais, cercada de muita mata. Também tem a Lagoa da Paz, formada pelas águas tranquilas de algumas nascentes, com areia e plantas ao redor e uma pequenina área coberta onde é possível descansar um pouco do sol.

Porque é legal
A trilha é supertranquila e curta. Não tem ladeiras íngremes nem terrenos acidentados. Com 20 minutos se chega à cachoeirinha. Quem já foi à Chapada Diamantina tira de letra, sem suar. No Verão, pelo caminho, dá para encontrar mangueiras e jaqueiras carregadas de frutas maduras.

Mas nem tudo era essa belezura sempre. A lagoa já foi impraticável para banho. “Era o brejo de uma fazenda. O povo dava banho em cavalo, era tudo enlamaçado. Hoje é uma coisa linda e a água é limpa”, conta Zeferina de Jesus, 67 anos. Ela mora na vila desde menina e samba desde os 7.

O toque de midas veio de Aurino Teixeira, vulgo Pelé. Foi ele o responsável pela limpeza da lagoa e, junto com dona Zeferina, organiza algumas edições do samba de roda Esperança Nasce Aqui, na beira da lagoa, ao longo do ano. E a festa é boa. Tem direito a feijoada feita no fogão a lenha. Eles recebem gente de toda a Linha Verde, inclusive grupos de samba de roda e capoeira.

Vá lá
A trilha com paradas na lagoa e na cachoeirinha mais o almoço (feijoada ou churrasco, com cocadas das nativas de sobremesa) sai a R$ 40 por pessoa. É só entrar em contato com o próprio Pelé (71 99607-5031) ou Lene Góes (71 99395-7816).

Parque das dunas de Abrantes

O que tem
As dunas são espetaculares. As imponentes montanhas de areia branca dominam a paisagem da região. É impossível não olhar para elas. São 1.200 hectares de área, com o ponto mais alto em 60 metros de altura, o equivalente a um prédio de cerca de 20 andares. Subir também é, se você não tiver preparo físico. A equipe de reportagem empacou diversas vezes no meio do caminho, para descansar as pernas e pegar um vento. E que vento!

Porque é legal
Na primeira parada, a surpresa com a “neve” é inevitável. No segundo ponto, duas traves no meio do absoluto nada marcam a área do baba. Um pouco mais acima, uma cruz imensa, que repousa no chão, marca o fim da trilha básica. Dá para ver o mar de Jauá e observar algumas das 159 espécies de aves catalogadas no local cantando como se ninguém estivesse olhando. Já a coruja-buraqueira, cujo ninho fica próximo, grita alto para marcar o território quando alguém se aproxima. Para os fortes, a trilha até o Morro do Urubu leva cerca de duas horas. O lugar tem esse nome. Até o mar, a trilha demora o mesmo tempo.

A Fonte das Lavadeiras é um pequenino lago formado no entorno das nascentes que as lavadeiras usam pra seu trabalho. É o primeiro passo do passeio, as pessoas não tomam banho lá, é algo mais de conhecer o histórico da região. Durante o Carnaval, tem samba de roda. A melhor parte desse início de passeio é degustar os sucos, que são verdadeiras experiências. Primeiro, o de jaca (sim, existe e é uma delícia). Depois, o de manga, cuja consistência remete à polpa pura da própria fruta.

Vá lá
Os passeios comportam grupos de até 15 pessoas, com preço de R$ 30 para cada, já incluindo um lanche com frutas, mingau, bolo e sucos, tudo dos arredores. Para reservar o passeio, é só ligar (ou Whatsapp) para Marcos Anunciação, da Associação Cultural e Inclusão Social (Acis): 71 98760-9243.

Quilombo de Cordoaria

O que tem
Arrancar aipim da terra. Fazer a própria farinha. Cozinhar o beiju com coco ralado no fogão a lenha para compor o farto café da manhã quilombola. Caminhar pela mata e, no Verão, se inebriar com o perfume das jacas e mangas maduras. Se encantar com o vale. Tomar um banho revigorante nas águas do Rio do Engenho, braço do Joanes. Voltar pela trilha. Catar mangas e jacas pelo caminho. Almoçar moqueca de mamão verde ou tilápia na folha de bananeira. Bater papo com moradores centenários e admirar o pôr do sol de um mirante com vista para o rio. Tudo isso pode compor o dia de um visitante no Quilombo de Cordoaria, comunidade com mais de 260 anos de história.

Porque é legal
Visto o geral, vamos aos detalhes, fundamentais. O que dá forma – e mais sabor – ao beiju na lenha são folhas de bananeira, direcionadas pelas mãos habilidosas das beijuzeiras. Debaixo das águas calmas do Rio do Engenho há uma vila submersa. “Quando fizeram a barragem, esse braço de água cobriu o engenho e as casas do entorno.

Aí famílias ribeirinhas foram morar no alto. Eles contam que ouvem vozes e atabaques perto do rio”, conta a produtora cultural Rose Braga, uma das coordenadoras do Grupo de Ação e Assistência ao Quilombo de Cordoaria (Gaaqc), que organiza as visita ao local. Por isso, a padroeira da localidade é Santa Ana, católica com a qual Nanã (orixá dos pântanos) foi sincretizada.

O papo com os griôs, contadores de histórias e moradores bem antigos, é outro destaque. Aos 105 anos, a audição de Seu Firmino já falha, mas a memória está intacta. Ele lembra de coisas na vila, sabe da vida de moradores e conta causos. Teve gente que já tomou carreira da caipora. E meninas que foram chamadas pra dentro do mato pela entidade, em noites de lua cheia. E quem ousa dizer que não existiu?

Quando bomba
O período em que Cordoaria recebe mais visitantes é o domingo de Carnaval, dia do Carnajegue, na qual o bicho desafia as ladeiras puxando uma carroça com som eclético (músicas atuais e cantigas ancestrais). De 9h da manhã até o anoitecer. Ainda rola apresentação da banda percussiva do Projeto Resgate, com 30 jovens da comunidade.

Como chegar
Fica a cerca de 20 minutos de carro do Outlet Premium. Basta seguir as placas da primeira direita depois do shopping. Só é possível ter as vivências com reserva. Um dia com visita à casa de farinha, trilha, banho de rio, café e almoço fica R$ 70 por pessoa. Quem quiser dormir na casa de moradores, desembolsa R$ 150. Tels.: 71 99119-3966 e 71 99638-1121.

Unzo N’Ganga Kuatelesa Ninza

O que tem
A ideia é fisgar as pessoas pelo estômago e mostrar que não há motivo para temer o candomblé, a menos que você esteja de dieta. É impossível resistir aos miniacarajés fritos na hora em fogão a lenha. Também tem xinxim de galinha, caruru, verduras, manjar de coco… Tudo gostoso! Para beber, sucos de frutas tropicais do quintal da propriedade, que tem cerca de 30 mil metros quadrados. O participante do projeto Culinária de Terreiro aprende a cozinhar as delícias de terreiro e bota a mão na massa, além de fazer um passeio pelo terreno e bater um papo sobre candomblé com Michele Borges, a mameto do Terreiro Unzo N’Ganga Kuatelesa Ninza (nação Angola).

Porque é legal
“Ano passado houve ataques a terreiros no Rio de Janeiro e pensei: precisamos fazer algo”, conta a kiledi Solange Borges. Daí surgiu a vivência, para valorizar a gastronomia baiana e quebrar preconceitos. R$ 70 por pessoa, com café e almoço.

Vá lá
A próxima edição será nos dias 10 e 11 de março. Contatos: 71 99935-1339 e solangeborges0714@gmail.com.

Outlet Premium

Porque é legal
Um lugar que une as palavras promoção e grifes não tem como ser ruim. Os descontos de até 80% duram o ano todo nas mais de 100 marcas nacionais e internacionais, distribuídas em 61 lojas. Tem Nike, Calvin Klein Jeans, Lacoste, New Balance, Ellus, Arezzo, Le Lis Blanc…

Como chegar
Fica no Km 12,5 da Estrada do Coco, no distrito de Abrantes, antes do pedágio.

Terreiro de Jauá

Porque é legal
Tombado pelo Instituto Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), ocupa 15 mil metros quadrados com natureza exuberante e um baobá, árvore sagrada em religiões de matriz africana. É um terreiro de nação Angola, que venera inquices, forças da natureza – e não orixás.

Vá lá
A próxima festa aberta ao público, a de Tempo, vai ser em agosto. Informações: 71 99114-4642.

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