Gastronomia de Conquista tem café de origem, sorvetes artesanais, sopas, comida internacional e delícias de interior

Faça calor ou faça frio, uma coisa é certa em Vitória da Conquista: você vai ter muitas opções para passar bem demais à mesa. Para um café da manhã reforçado, nada melhor que os biscoitos e sequilhos, que podem ser comprados na Ceasa, junto com uma manteiga maravilhosa. Lá, o queijo de cabaça tem opções com ou sem temperos e requeijão com diversos pontos de maturação. Para começar bem o dia fora de casa, a cafeteria Rigno tem café premiado internacionalmente e sanduíches gostosos e croissant. Para refrescar o lanche da tarde, a sorveteria Lala Jour é sensacional e tem sabores únicos, como manga com manjericão, capim santo com abacaxi e até bacon. Na noite, o Cinco Continentes tem opções de petiscos e bebidas de diversos lugares do planeta. E se você estiver numa vibe mais calminha, a Casa da Sopa tem 22 opções para aquecer a alma. Bom apetite!

Cinco Continentes
Da França vieram Chèvre Chaud (torradas de queijo de cabra, salada mista de rúcula com creme balsâmico e batatas fritas – R$ 32,50) e Sanduíche de filé mignon com cebola frita, batata frita, alface e molho gorgonzola (R$ 16), que é o campeão da casa. Da Índia as Samoussas (pasteizinhos de presunto e mussarela, frango, legumes ou queijos (5 peças R$ 9,50), com massa levíssima e crocante. Do Irã veio o Koubideh, espetinho de carne moída (muito bem) temperado com sumac, tempero feito a partir de uma flor típica do Oriente Médio (R$ 5 cada). Do Marrocos, o Bat Bout, um pão recheado com carne moida, legumes ou nutella (R$ 16,50). Para beber, diretamente da Ilha de Reunião, território francês no Oceano Índico, pertinho de Madagascar, tem o Ponche Creole, drinque de sabor único que mistura suco de manga, rum e baunilha de verdade. Bem aromático, é o mais pedido entre as bebidas. E se seu estômago não cansou de viajar, peça uma sobremesa do Reino Unido, o Millionnaire, bolinho de caramelo e chocolate caseiro (R$ 4 cada).

Cinco continentes – Foto: Renato Santana

O cardápio de inspirações tão diversas é a cara do casal Sia Naghibi e Marie Line Paul. Ele de Teerã, no Irã. Ela de Paris. Se conheceram na capital francesa, em 1992. Um trabalhava como publicitário, a outra já foi cabeleireira, policial e publicitária. “Comecei a cozinhar para fazer prazer a ele. O menu nasceu da nossa história. Aprendi a cozinhar iraniano, creole e francês”, diz Marie, que comanda a cozinha e faz questão de preparar todos os molhos artesanalmente.

Cinco continentes – Millionnaire – Foto: Renato Santana

“Resolvemos mudar para a Ilha de Reunião porque meus pais estavam morando lá e isso facilitou. Vitória da Conquista foi por causa de meu irmão, que se aposentou e veio morar aqui por amor, há 11 anos. O Cinco Continentes vai fazer oito anos em março”, conta Marie, que desembarcou no Brasil sem saber falar português.

Cinco continentes – samoussas – ft renato santana

“Por enquanto estamos bem. Mas quando você se cansa, tem que achar outra coisa, outro sonho, outra vontade… Acho que foi Gabriel Garcia Marquez quem disse que se você acha a aventura perigosa, tente a rotina porque ela é mortal”, explica Sia.

O bar fica na Rua Alírio Sales, 7, BNH, qd d, no Candeias. Funciona de terça a domingo, de 18h30 à 1h – no fim de semana vai até 2h. Em todo caso, a cozinha fecha meia noite. “Somos o único bar daqui que coloca a conta na mesa sem você pedir quando dá a hora de fechar. Temos funcionários e horarios”, afirma ele.

Cinco continentes – ponche creole – Foto: Renato Santana

Funciona numa casa (a família mora em cima). Tudo simples, mas cheio de elementos, como um mural de fotos que está por quase todas as paredes e mistura personagens como Che Guevara, Lula e Obama com filhotes de cachorro, bebês gordinhos e até registros do Irã antes da instalação da ditadura islâmica. Não se espante se vir a gata Sac’A Puces, de 19 anos, passeando pelo bar. “Ela está com a gente desde a Ilha de Reunião. Um vizinho deu de presente depois que nosso filho nasceu” lembra Siá.

Cinco continentes – sanduíche de filé com gorgonzola – Foto: Renato Santana

Cafeteria Rigno
Café Tomar cafezinho da fazenda que já foi duas vezes campeã do Cup of Excellence, concurso mundial de cafés, é um luxo possível em Vitória da Conquista.

A Cafeteria Rigno tem 24 bebidas com o grão no menu, do Espresso (R$ 5,50) ao Coffe Shake (espresso, leite, leite condensado, sorvete e Ovomaltine – R$ 16), passando pelo Afogatto (espresso, bola de sorvete, chantilly e raspas de chocolate – R$ 12) e pelo Marula Coffee (chocolate quente, Amarula, espresso e chantilly – R$ 20). Quem não curte café também passa bem: o Red Shake (sorvete, leite condensado e frutas vermelhas – R$ 16) é uma delícia.

Para acompanhar, os sanduíches são os mais pedidos. O Mediterrâneo (tomate seco, mussarela, rúcula e manjericão – R$ 16) é uma delícia: crocante, saboroso e cheio de recheio. O croissant (R$ 8), bem folhado, feito com manteiga mesmo, é uma delícia.

“A cafeteria é um sonho que eu e minha esposa tínhamos e se concretizou. A gente vinha bastante aqui e não via uma cafeteria com cafés de origem”, conta Candido Rosa, que tem como sócia a esposa, Patrícia Rigno. O estabelecimento abriu em agosto de 2016. O casal, que trabalha com cafeicultura há 10 anos, chegou a morar em Salvador e em Piatã (na Chapada Diamantina), onde fica a fazenda.

Cafeteria Rigno – croissant – Foto: Renato Santana

Quem quiser levar o pó do café arábica da variedade Catuaí para fazer a bebida em casa compra um saquinho de 250 gramas de café moído na hora por R$ 17,50. “É melhor porque fica mais fresco. A gente torra pelo menos uma vez por semana e mói na hora. Os cafés só ficam aqui torrados por, no máximo 10 dias, para manter as características de sabor”, explica Patrícia.

O café vende ainda cafeteiras e utensílios como a prensa francesa V60 (R$ 47) e a cafeteira portátil Pressca (R$ 120). Fica na R. da Granja, 538, Vila do Bosque, Candeias.

Nas paredes do café, que é cheio de madeira e cores alegres, um pouco da história da família, em fotografias da fazenda de Antônio Rigno, pai de Patrícia, que produz café há 40 anos e foi um dos precursores do café especial na Bahia.

Nas duas áreas, externa e interna, cabem 60 pessoas. Funciona de terça a domingo, de 8h às 11h e de 14h às 21h.

Cafeteria Rigno – sanduíche mediterrâneo – Foto: Renato Santana
Cafeteria Rigno – red shake – Foto: Renato Santana

Ceasa
Lugar no centro da cidade para comprar aquelas maravilhas que só tem no interior: requeijão (do mais ao menos cozido, o quilo sai entre R$ 22 e R$ 25), uma manteiga de comer rezando (R$ 22 o quilo) e queijo de cabaça (R$ 7). Os preços são da barrada de Edvaldo (box 59/60), onde gostei de tudo que provei.

Lala Jour
Capim santo com abacaxi, manga com manjericão e maracujá, chocolate da Amazônia, tapioca crocante, romeu e julieta de parmesão com goiabada, Lala Jour (creme com morango e suspiros) e até bacon: se você quer se surpreender com sorvetes, a Lala Jour é o seu lugar.

Lala Jour – brownie com sorvete – Foto: Renato Santana
Lala Jour – capim santo com abacaxi – Foto: Renato Santana

Quando visitei, havia dez opções na vitrine, sendo quatro sorbets (sem leite). Tudo cremoso, leve e realmente saboroso. “Não usamos nenhum tipo de ingrediente industrializado. Nem corante e conservante. É, basicamente, leite, creme de leite e gema de ovo. E isso faz muita diferença no produto. Por exemplo, não tem Nutella: a gente faz nossa própria pasta de avelã com chocolate”, explica Ju Lobo, confeiteira à frente da sorveteria.

Lala Jour – sorvete de manga com maracujá e manjericão – Foto: Renato Santana

Ela, que fez curso técnico de gastronomia e já trabalhou até em restaurante tailandês, cuidava da cozinha de um café de Conquista, o Maniff. “Depois fui morar no Canadá e quando voltei, em maio de 2018, surgiu o projeto da sorveteria”, conta Ju. Na semana seguinte ao retorno a Conquista, ela embarcou para São Paulo para fazer um curso de sorveteira. A Lala Jour está em soft opening há cerca de 15 dias.

O copo de 80 gramas custa R$ 8 e o de 100 gramas sai a R$ 10. A Banana Split Brulê, com uma camada fininha de caramelo (R$ 20) é incrível. Tem milkshake (R$ 17) e brownie com sorvete (R$19).

Lala Jour – banana split – Foto: Renato Santana

O nome Lala Jour é uma brincadeira com a filha de um dos donos, que se chama Lara Dias (jour é dia em francês).

De terça a sexta-feira, de 13h às 20h. No fim de semana, de de 11h30 às 21h. Fica na R. da Granja, 538, Vila do Bosque, Candeias.

Lala Jour – milk shake – Foto: Renato Santana

Casa da Sopa
Se em Salvador, que é quente, o povo já toma sopa, imagine em Conquista, que mesmo no Verão tem friozinho depois que o sol se põe? “Aqui tem essa tradição, especialmente à noite”, conta Lula Neto, 53, que há quatro anos abriu a Casa da Sopa.

Casa da sopa – alho poró com calabresa – Foto: Renato Santana

São 22 opções de sopa. Tem até para quem não come carne ou é intolerante a lactose. Destaque para a mais pedida: a de Costela (costela desfiada e aipim – R$ 16,50) é saborosíssima. Também para a Caldo Verde (R$ 16,50), feita com couve, batata, bacon e calabresa. Mais leves, a de Alho Poró (com pedacinhos de lombo defumado) e a Vegetariana (vagem, brócolis, ervilha, chuchu e alho poró), também custam R$ 16,50 e valem a pena. As mais caras são as de Camarão (camarão, aipim e batata – R$ 20,50), Queijo (Gorgonzola, mussarela, queijo reino e calabresa – R$ 20,50) e Mariscos (batata, aipim e frutos do mar – R$ 22).

Casa da sopa – caldo verde – Foto: Renato Santana

Todas as porções têm 700 ml e, por R$ 4,50 a mais, você pode tomar a sopa diretamente em um pão bola italiano de casca crocante. É uma delícia.

Se você não gostar de algum ingrediente ou quiser acrescentar, digamos, bacon, calabresa ou queijo, não tem problema. “É só pedir que a gente modifica. Como é tudo feito na hora, dá para flexibilizar”, pontua Lula.

Casa da sopa – costela – Foto: Renato Santana

Para beber, o que mais sai varia. No Inverno é o vinho português Casa Agrícola (R$ 75 a garrafa de 750 ml). No Verão é a cerveja (R$ 7 a long neck). O movimento, nem precisava dizer, é 40% maior nos meses mais frios do ano, quando a casa vende cerca de 250 sopas por fim de semana.

“Já trabalhei com utensílios domésticos e mineração. Mas andava muito ausente de casa. Havia um restaurante antigo em Conquista, a Casa da Sopa, cujo dono havia morrido e o lugar fechou. Aí tive a ideia de abrir a minha casa da sopa, algo que sempre gostei”, lembra Lula, que garante não usar nada para engrossar os caldos.

Fica na Av. Otávio Santos, 740, Recreio. Funciona todos os dias, de 18h às 23h. Além de cartões de débito e crédito, aceita também vale-refeição Visa-vale, Sodexo e Alelo.

Veja também