Não importa a idade. Pode ter sido de forma diversa, mas a pandemia da covid-19 atingiu a todos. Com as crianças, não tinha como ser diferente. Dos bebês que nasceram em meio à quarentena às meninas e aos meninos já com 11 anos, prestes a entrar no que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) define como adolescência, todos ficarão marcados pela maior crise sanitária, política e econômica do último século.
Especialistas são praticamente unânimes em dizer que essa será uma geração diferente. Para entendê-la, buscamos 15 crianças de diferentes idades, que moram em várias cidades da Bahia e que têm vivido a pandemia e o distanciamento social de forma única. Cada uma com sua realidade, elas nos contam o que sabem do coronavírus, como a covid-19 impactou suas vidas e o que esperam do futuro, depois que tudo isso passar.
Houve conversas por chamadas de vídeo, por mensagens de áudio e por ligação tradicional. Mas, além disso, cada uma das 15 crianças fez um desenho e um vídeo. No desenho, elas falam do presente. Contam o que conhecem e o que pensam da pandemia e de todas as mudanças trazidas por ela. No vídeo, falam do futuro – seja o seu, individual, seja o do mundo.
Além de ouvi-los, conversamos também com os adultos. Ouvimos mães e também especialistas de diferentes áreas. Da Antropologia à Pediatria, todos falam sobre os reflexos que podem continuar até quando cada criança já for gente grande. Aqui, os pesquisadores também aparecem com suas fotos de criança, porque decidimos não usar fotos de adultos nesse especial.
A ‘geraçãozinha covid-19’ não deve ser entendida como algo ruim, nem deve ser associada meramente ao vírus. Ao mesmo tempo, deixamos claro que a geração de crianças que tem crescido em meio à pandemia é cheia de sonhos, otimismo, solidariedade e esperança, mas também tem medo e angústias. E mais: são meninas e meninos que compreendem mais do que estamos vivendo do que muitos adultos.