A terceira maior cidade da Bahia oferece espaços para aproveitar o dia ao lado da natureza
Não é à toa que Vitória da Conquista ficou conhecida como a Suíça Baiana: a altitude média da cidade é de 900 metros acima do mar. Com clima tropical de altitude, chega a registrar temperaturas mínimas médias mensais abaixo de 14°C no Inverno, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Quem é de Salvador, do Recôncavo e de outras regiões mais quentes, pode levar os casacos para passear até durante o Verão. Embora o calor durante o dia nesta estação ultrapasse os 28°C, à noite parece que a cidade ganha um ar-condicionado central, com temperatura mínima média de 18°C, também de acordo com o Inmet.
Outra dica para quem vai nos meses mais quentes do ano é se preparar para eventuais chuvas fortes, que se concentram no fim e no início do ano. Já no meio do ano, as chuvas costumam ser de neblina.
Terceira maior cidade da Bahia, com uma população de 338.885 habitantes (IBGE 2018), atrás somente de Salvador e Feira de Santana, Conquista tem opções de lazer ao ar livre e gastronomia diversas.
A servidora municipal Flávia Avelino, 30 anos, lembra com carinho dos domingos na Praça Tancredo Neves, que fica no Centro. Até os 10 anos, ela acostumava passar o dia no espaço com família. Arborizado e cheio de flores, o local tem lago, marrecos e muitos banquinhos. “É a praça mais bonita de Vitória da Conquista. Mais do que as de várias outras cidades, inclusive”, suspira a conquistense, que passa todo dia pelo local para ir trabalhar.
Inaugurada em 25 de dezembro de 1956, o local, que se chamou Praça da República e Jardim das Borboletas, foi cenário de circos, desfiles escolares e comícios. Atualmente, é um dos principais pontos turísticos da cidade, com algumas manifestações culturais durante o ano. No Natal, o espaço recebe uma decoração especial. As luzes vibrantes atraem visitantes do Sudoeste da Bahia e norte de Minas Gerais.
A praça surgiu a partir da construção da Catedral Metropolitana de Nossa Senhora das Vitórias, padroeira da cidade. A igreja, que tem estilo neogótico, com traçados e proporções clássicas, fica aberta para visitação.
Horto Florestal
Diversas espécies de arvores nativas, exóticas e rurais, dão o charme do Horto Florestal Vilma Dias, que fica no bairro Conquistinha. A área aberta ao público tem ipês, flamboyants, jacarandás-mimosos, eucaliptos, palmeiras e pau-ferro, entre outras tantas árvores. O espaço é ligado à Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Lá funciona o setor de Paisagismo e Arborização Pública.
É do Horto Florestal que saem os projetos de manutenção de todas as praças, avenidas e canteiros da cidade. Lá são produzidas cerca de mil mudas ornamentais por ano, que são direcionadas para diversos jardins e espaços públicos. A população também tem acesso à produção, desde que seja utilizada na arborização urbana. “Realizamos a doação de duas mudas por cada habitante que fizer o pedido na Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Temos um projeto Arvorecer, que visa orientar as pessoas de que forma plantar e qual a melhor espécie para aquele espaço público”, explica a gerente municipal de Paisagismo, Ana Cláudia Oliveira.
Entre as majestosas espécies do local, uma chama atenção. Próximo ao rio Verruga está a barriguda – árvore brasileira que tem na base do caule um alargamento, parecido com uma garrafa. A paineira de cerca de 11 anos não nasceu no Horto. Ela foi transplantada para a área em outubro do ano passado, após pedido de moradores para que fosse retirada de onde estava, no bairro Urbis 1. “Dá trabalho, mas buscamos transplantar para cá todas as árvores possíveis”, diz Ana Cláudia.
O Horto Florestal Vilma Dias funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 11h e das 14h às 17h. Para conhecer, basta ir até o espaço dentro do horário de funcionamento. Já grupos escolares ou de qualquer outra instituição devem agendar as visitas na Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Informações também são passadas pelo telefone 77 3422-8143.
A Serra do Periperi
O Parque Municipal da Serra do Periperi é uma unidade de conservação dentro de Vitória da Conquista. Com cerca de 1.300 hectares de área e 15 km de extensão,o espaço foi criado em 1999, pela necessidade de medidas de preservação para o local, como o impedimento de ocupação desordenada, o desmatamento e a degradação ambiental.
A conservação da flora, fauna e de nascentes é também percebida na Reserva Florestal Poço Escuro, que pertence ao Parque. A área fica entre os bairros Guarani e Cruzeiro. São 17 hectares de vegetação densa e exuberante dentro da terceira maior cidade do Estado, se tornando a última remanescente de mata de grande porte da zona urbana de Vitória da Conquista.
Quem visita o local se encanta. No poço Escuro é encontrada uma vegetação com características de Mata Atlântica, Mata de Cipó, Cerrado e Caatinga. Macacos-prego-do-peito-amarelo, saruês e macacos-prego residem por lá. Tudo isso comprimido pela pressão urbana dos bairros vizinhos, transformando a Reserva em um lugar ideal para fugir da rotina.
A principal atividade é fazer uma trilha que leva até a nascente do Rio Verruga. A caminhada dura cerca 45 minutos. Para aproveitar a aventura sem perrengue e curtir ao máximo cada momento em contato com a natureza vá com sapatos resistentes e confortáveis, leve somente o necessário na sua mochila, use repelente e roupas leves.
Outra dica indispensável é fazer a trilha com o Módulo de Educação Ambiental, que faz visita guiada para grupos de até 35 pessoas. Além de uma palestra sobre o Poço Escuro, as saídas têm acompanhamento da Policia Militar para dar mais segurança ao passeio. O agendamento pode ser feito no telefone 77 3421-7020. Mas se antecipe pois a disponibilidade das vagas depende da compatibilidade da agenda dos policiais.
Natureza e arte
No topo da Serra do Periperi, uma raridade. O cacto cabeça de frade, como é conhecido popularmente o Melocactus conoideus, pode ser visto na unidade de conservação, o que atrai pesquisadores, além de estudantes de instituições públicas e privadas. É lá no alto que também está o Cristo de Mário Cravo, com 33 metros de altura, o que o torna o maior Cristo crucificado do Brasil.
O trabalho foi idealizado em 1963 e executado pelo artista plástico baiano em 1980. A ideia do Cristo crucificado esteve além da mensagem religiosa. Com feições nordestinas, a obra faz alusão à situação econômica e social da população sertaneja, que historicamente sofre com a seca e fome.
E é de lá do Cristo de Mario Cravo um dos melhores pontos para assistir ao pôr do sol em Conquista. Para aproveitar a localização estratégica, a Polícia Militar realizou o projeto PM no Pôr do Sol aos domingos entre os dias 27 de janeiro e 24 de fevereiro. A iniciativa reuniu food trucks, parquinho infantil e clube de carros antigos e fuscas.
A conquistense Verônica Andrade dos Santos, 55, aprovou o projeto. A última vez que ela tinha visto o pôr do sol no Cristo de Mário Cravo foi há dois anos, quando levou uma sobrinha paraense para visitar o local. “Fui com meu marido no primeiro dia do evento. Ele tem carro antigo e a PM o chamou para participar da exposição de automóveis. Gostei muito”, revelou.
A programação do projeto também contou com shows, como a Banda da PM de Vitória da Conquista. No domingo (17), o cantor Xangai faria um show especial. Porém, o evento teve que ser cancelado devido às fortes chuvas que atingiram a cidade na data.
Como chegar
Saindo de Salvador de carro, são 518 km, que podem ser percorridos, de acordo com o Google Maps, em menos de 7h30. Basta pegar a BR-324 e, no anel viário de Feira, descer a BR-116.
Para quem preferir pegar ônibus, é a viação Camurujipe que faz a ligação entre Salvador e Conquista, com opções: convencional, leito-executivo e semileito, com preços entre R$115,82 e R$ 206 e horários de saída entre 5h e 22h50. De coletivo, a viagem dura cerca de 9h e a passagem pode ser parcelada em até 3 vezes sem juros.
De avião é bem mais rápido. A Passaredo tem três voos diários saindo de Salvador nos diasde semana: 6h10, 13h50 e 18h. Aos sábados e domingos, são dois voos diários: no primeiro os que saem mais cedo, no segundo os que saem mais tarde.O trajeto é percorrido em cerca de 1h05. Para voltar também são 3 opções diárias durante a semana, saindo às 7h40, 14h05 e 19h30, e duas nos fins de semana, organizadas de maneira similar à ida.
Pela Azul, são dois voos diarios durante a semana com duração média de 1h10 saindo de Salvador às 5h50 e às 17h05. No fim de semana, sábado só tem voo pela manhã e domingo só à tarde. Para voltar, são dois voos diários, às 11h45 e às 22h45, sendo que no fim de semana, a volta fica no mesmo padrão da ida. É só escolher as datas e boa viagem!