Seresta, festa top e muito barzinho com música ao vivo: do happy hour à madrugada, o negócio é animado

Não tem frio que abale a noite conquistense. E olhe que estamos falando de uma cidade na qual, em pleno Verão, os termômetros descem a uma média de 18ºC, de acordo com o Climatempo. Basta um passeio pela Av. Olívia Flores – apelidada por alguns conquistenses de Orlívia -, no Candeias, para ver bares e baladas cheias, com opções para todos os gostos musicais: tem sertanejo, axé, pop, rock, arrocha, MPB…
No Café Society (Av. João Abuchidid, 276, Candeias), bar que fica numa casa marrom com toldos verdes, o cantor soteropolitano Peu Tanajura, que aos 39 anos trocou Salvador por Conquista, faz uma apresentação improvisada, com sucessos da axé music, como Raiz de Todo Bem, de Saulo. Saiu do minúsculo palco todo suado, como se estivesse em um trio elétrico, mas a sensação dele foi outra. “Me sinto na Europa”, diz ele, que em 2017 morou em Frankfurt, na Alemanha. O local, de fato, se assemelha a um pub. Inclusive, todo dia 17 de março, há nove anos, o bar comemora o Saint Patrick Day, evento tradicional da Irlanda, regado a muito chope.
O bar, que completa 10 anos em 2019, é todo decorado com quadros e fotos de estrelas do jazz, blues, rock, folk, indie e soul, como Duke Wellington, Cesária Évora, Henri Salvador, Elvis e Beatles. Em termos visuais, de acordo com o dono, Otávio Santos, é um mutante. “Eu já pintei isso aqui uma dezena de vezes, mudei palco de lugar, quadros, comprei outros, enfim. Estou sempre mudando”, afirma o percussionista de 47 anos, que também é de Salvador. Ele conta que buscou inspirações para a decoração do tempo em que viveu na Europa (Alemanha, Itália, França…) e na África (Angola e Cabo Verde).
“Eu vim pra cá pensando em abrir somente uma cafeteria, mas resolvi abrir um bar e estou aqui até hoje, sempre com boa frequência de clientes”, disse Otávio, cujo espaço tem capacidade para 60 pessoas sentadas e abre o palco para talentos em ascensão, como o cantor – também soteropolitano – Tales Dourado, 28, de voz rouca estilo Eddie Vedder, vocalista da Pearl Jam. “Já toquei em alguns lugares e pediram para eu parar. Mas acho que foi o local, queriam que eu tocasse sertanejo”, lembra Dourado, aos risos.

Café Society

Além de cafés especiais, como o irish coffee (R$ 14), bebida irlandesa à base de café, uísque e chantili, a casa oferece cervejas artesanais nacionais e importadas, como a Inphame White IPA e a Inphame IPA (500 ml, R$ 25).
Point de casais, o local também tem opções para jantar. Naturais de Salvador, o casal Darlam Duarte, 27, e Ediana Barreto, 30, moram Vitória da Conquista há dois anos, desde que foram chamados para trabalhar no serviço público. Por influência de Ediana, escolheram um apartamento vizinho ao Café. “Eu já tinha vindo aqui antes e uma amiga me trouxe, gostei muito. É o nosso lugar preferido por conta do visual e das comidas”, pontua Ediana.

Outras opções
Se você quer continuar numa vibe meio alternativa, basta cruzar a Olívia e se dirigir à casa de número 83 da Av. Alziro Prates. No Jack tem rock, reggae e, de vez em quando, até axé das antigas. O dono diz ter se inspirado no Café Society. “Ví que o Café era bom e quis fazer algo que pudesse ser, em alguns aspectos, uma ampliação de lá. Mas busquei fazer um projeto original, com arquitetura moderna e espaço amplo”, explica Neviton Pereira, 38, sócio do bar, cujo investimento foi de R$ 1,5 milhão.
No cardápio, 20 opções de vinhos (entre R$ 38 e R$ 250) e 30 drinques (a partir de R$ 9,90). O que mais faz sucesso de acordo com Neviton, que prefere não falar em números, é o Jack Blue, cuja fórmula ele prefere manter em segredo, mas dá para perceber que tem morango e Bacardi. Vem num copo de vidro em forma de caveira (400 ml). Mas a bebida que mais sai mesmo é o chope (R$ 7,90 a caneca de 350 ml): são mais de 5 mil litros por semana.
O bar tem capacidade para 300 pessoas e o grande dia do agito é o sábado. Tem fila para sentar e a própria circulação fica mais complicada. Na sexta-feira é mais tranquilo. “Por isso, eu prefiro sempre vir na sexta, adoro aqui”, diz a Rosa Goes, 46, enquanto toma uma caipiroska na área externa do bar.
Ainda lá perto, há opções como o Boteco Carioca, o Camarote e o Aquários, onde o som bomba de sertanejo e axé music. Acontece que não é só no bairro Candeias que a noite esquenta.

Jack – drinque Jack Blue – Foto: Renato Santana
Jack – Foto: Renato Santana

Do outro lado
Atrás do Shopping Conquista Sul, no bairro Morada dos Pássaros I, Fome Stop (Rua F, 125) nasceu focado no almoço e lanches do público de um edifício empresarial das redondezas, mas acabou sendo direcionado ao happy hour e à noite. “Hoje, cerca de 60% do meu público, em torno de mil pessoas por fim de semana, se concentra nessa faixa de horário”, estima Fábio Luís Dias, 44, dono do bar e restaurante.
O menu de petiscos tem opções como a Costela do Carlinhos (costela bovina com molho especial, farofa de banana e vinagrete), que serve duas pessoas e custa R$ 45. Entre as bebidas, destaque para os drinques Coco Azul do Céu (creme de leite, coco ralado, polpa de cacau, Curaçao Blue e gin – 250 ml por R$ 18,80) e Dia de Arco-Íris (néctar de pêssego, laranja, vermute, vodca, Curaçao e menta – 300 ml por R$ 20). O lugar conta, ainda, com cervejas artesanais, algumas delas produzidas em Vitória da Conquista, como a Inphame Weizen (weiz) e a Inphame fome in 2bro (IPA), cujas garrafas de 500 ml custam R$ 25).
Para embalar os beliscos, música ao vivo: pop, rock clássico, reggae e MPB. Mas com comedimento no volume, que é para não atrapalhar o bate-papo de ninguém. “É ideal para quem gosta de sentar em um bar e conversar, ao som de uma boa música. Em outros locais que já fui nem sempre isso é possível, porque eles aumentam muito o som, temos de ficar gritando”, pondera a corretora de imóveis Milane Dutra, 47, que estava na mesa com dois amigos.

Fome Stop – Foto: Renato Santana
Fome Stop – Foto: Renato Santana
Fome Stop – Foto: Renato Santana

Mete dança
Como ninguém é cinderela para voltar para casa à meia noite, vamos às boates e casas de shows. É por volta desse horário que o negócio começa a pegar fogo no Gimba Jardim (Av. Iolando Fonseca, 10, bairro Jurema). Lá não tem finger food de chef renomado nem drinque sofisticado, mas a seresta, o arrocha e o forró não param, assim como a pista de dança. No menu tem latão de Skol por R$ 6 e tira-gostos como isca de frango (R$ 19) e carne do sol (R$ 24).
“É um local democrático: vem gente de vários bairros, de diversas classes sociais. Ninguém se importa com o que o outro está vestindo, acho isso o máximo. A pessoa pode vir pra cá e se divertir da forma que quiser, desde que haja respeito”, comenta o empresário Cristiano Ferraz, 45, dono do Gimba, que existe há 31 anos e não fecha as portas antes das 4h da manhã.
Por lá já passaram nomes como Marlus Viana (ex-Calcinha Preta), Wéslei dos Teclados, Asas Livres e Forró Saborear. “Só não trago banda maior porque cabem cerca de 700 pessoas no espaço, não posso ser irresponsável de entupir isso aqui de”, afirma Cristiano. A entrada custa, geralmente, R$ 20.
“Aqui é o meu lugar. Só aqui consigo ser realmente quem gosto de ser. Danço, me solto, curto à vontade… Em outros locais isso é muito difícil de ocorrer”, comenta policial militar Viviane Peixoto, 26.

Gimba Jardim – Foto: Renato Santana
Gimba Jardim – Foto: Renato Santana

Topzera
A casa de shows Apache (R. Líbano, 176-396, Felícia), decorada em estilo rústico que se assemelha a estruturas de barracas de praia, recebe os eventos mais moderninhos. Na casa cabem cerca de 300 pessoas, de acordo com um dos donos da Apache, Vinícius Boto, 37.
“Trouxemos essa proposta para cá e raramente ficamos um final de semana parados”, conta ele. Para saber o que vai rolar, basta se ligar no perfil no Instagram (@apachemusicclub) e na página no Facebook (/apachemusicclub). Os ingressos costumam custar entre R$ 15 e R$ 20. No último fim de semana foi a vez do Baile do Cacique, que foi antecedido por festas como CarnaMed, Summer Premium, Studio ao vivo e Esquenta Ticomia.

Apache – Foto: Renato Santana
Apache – Foto: Renato Santana

Festival
O Festival de Inverno Bahia (FIB), realizado pela iContent, empresa de entretenimento da Rede Bahia, é, hoje, o maior evento em quantidade de público da cidade. Cerca de 60 mil pessoas passaram pela última edição, em 2018.
Em agosto deste ano, o evento comemora 15 anos tendo no histórico mais de 5 mil artistas e bandas locais e nacionais e até transmissão ao vivo pelo canal Multishow. Já passaram pelos palcos do FIB nomes como Ivete Sangalo, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Anitta e Djavan.
“A cada ano aumenta o número de turistas de outros estados e de várias cidades da Bahia, que lotam os hotéis, bares e restaurantes. O FIB gera emprego e renda para cidade, proporciona entretenimento de qualidade e agrada a todos que nos visitam”, enumera Estácio Gonzaga, gerente executivo da Icontent.
O FIB é realizado no Parque de Exposições Teopompo de Almeida, de 165 mil m², são dois camarotes (VIP e Open Prime), três palcos com nomes de peso da música nacional, talentos locais e regionais, restaurantes, bares e food trucks. Ainda não há atrações confirmadas para 2019.

Festival de Inverno

Veja também