O especial A Baía mãe reúne uma série de reportagens que contempla três aspectos fundamentais para pensar a Baía de Todos-os-Santos (BTS) - ambiental, histórico e social. Essa Baía que margeia Salvador e parte do Recôncavo Baiano é uma das fontes primeiras da história do povo local - baianos, por causa dela -, mantém um berço de biodiversidade e alimenta milhares de famílias.
Nos últimos 60 anos, a Baía, que na época colonial serviu aos interesses dos colonizadores que precisavam das águas para transportar produtos e pessoas escravizadas, teve os arredores transformados em polos industriais e petrolíferos. A população nos seus arredores quase triplicou, a poluição se instalou e a pesca predatória se provou um problema cada vez mais frequente. As reportagens foram produzidas a partir de mais de 50 entrevistas presenciais e à distância - devido à pandemia -, consulta a pesquisas científicas e levantamento de dados públicos.
Hoje, pescadores sofrem a queda de estoques de pesca. Há pelo menos dez espécies de peixe que estão desaparecendo de regiões onde eram abundantes, como contamos na reportagem “Onde estão os peixes”. Na reportagem “A Nova Baía”, você conhece as principais mudanças pelas quais a BTS passou ao longo do tempo e quais cenários se desenham para ela, segundo pesquisadores.
Durante a pandemia, a BTS retomou seu lugar como espaço de refúgio. Desempregadas, mulheres retornaram aos mangues e praias da Baía para mariscar, uma dança das mãos passada de geração em geração de mulheres. Elas tentam, enquanto mariscam, traçar novos destinos. Essa realidade é contada na reportagem “O retorno das marisqueiras”.
Por último, a reportagem Os tesouros da Baía mostra como a BTS é um museu a céu aberto que conta muito da história, mas não é contemplada por ações de preservação federais. Os naufrágios e sambaquis existentes na BTS revelam o passado na prática, pelos vestígios diretos de quem o viveu. Esse patrimônio é alvo de depredação, sem uma política efetiva de proteção e manejo.
Esta série de reportagens foi produzida com o apoio da Internews Earth Journalism Network e da Fundação Calouste Gulbenkian (UK Branch).