Órfã de pai e mãe, Iraildes Ramos teve vida mudada pelas ações de Irmã Dulce

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Artimanhas para fazer o bem Religiosa ajudou crianças através do Círculo Operário da Bahia

Por Jorge Gauthier (jorge.souza@redebahia.com.br)

Irmã Dulce tinha uma meta: ajudar quem precisava. Para o COB, ela era uma ‘mãe’. Através do movimento chamado circulista, colocou sua face empreendedora para trabalhar. Virou uma locomotiva de ideias com o intuito de arrecadar fundos para realizar os projetos. Além do pedido diário de esmolas, ela encabeçou o projeto da criação de três cinemas populares - o Cine Roma, o Cine Plataforma e o Cine São Caetano. Coube a ela também a ideia de criar o grupo musical Milionárias do Ritmo - operárias que se apresentavam antes da exibição dos filmes tocando, especialmente, canções de forró dentre eles os clássicos de Luiz Gonzaga.

Dulce tinha artimanhas para conquistar corações que resistiam em fazer doações. Uma delas era conhecida da cabeleireira Iraildes Ramos de Souza, 71 anos. Natural de São Felipe, na Bahia, Iraildes chegou em Salvador aos 8 anos depois que seus pais morreram vítimas de doença de Chagas. Ela e seus nove irmãos ficaram órfãos e foram adotados por diferentes famílias da capital. A mãe adotiva de Iraildes a colocou para estudar na Escola Santo Antônio, dentro do COB. Foi lá que dos 8 aos 12 anos foi ‘usada’ por Dulce.

“Ela chegava bem cedinho na escola e pedia ajuda da diretora - que era uma freira - para pegar algumas crianças para sair com ela nas ruas pedindo esmola. Pegava duas ou três e colocava na Kombi branca. Mas ela tinha um critério: só saia com ela as crianças que estavam com o uniforme completo, impecável e com os cabelos arrumados. Ela nos mostrava como exemplo e dizia onde chegava que tinham outros muitos de nós precisando de ajuda”, relembra Iraildes, que hoje é voluntária das Osid. Na memória, Iraildes guarda ainda uma saborosa lembrança: “Ela sempre gostava de ir pedir esmola na feira de São Joaquim. Tinha um vendedor que toda vez que via ela com crianças dava maçãs para nós. Eram as mais gostosas do mundo”.

 
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“Ela sempre gostava de ir pedir esmola na feira de São Joaquim. Tinha um vendedor que toda vez que via ela com crianças dava maçãs para nós. Eram as maçãs mais gostosas do mundo”.

Iraildes Ramos de Souza, cabeleireira

O projeto Pelos Olhos de Dulce tem o oferecimento do jornal CORREIO e patrocínio do Hapvida