O LADO B DO PASSEIO: DESCUBRA PASSEIOS FORA DA ROTA
Há cartões postais imperdíveis em cidadezinhas ainda pouco conhecidas
Por Perla Ribeiro
perla.ribeiro@redebahia.com.br
Pra muita gente a Chapada Diamantina se resume a Lençóis. Não é à toa que lá é o destino mais famoso e também o mais visitado da região. Mas há cartões postais imperdíveis em cidadezinhas ainda pouco conhecidas nos seus arredores. É muita beleza espalhada nos 24 municípios distribuídos em 38 mil quilômetros quadrados da Chapada. O melhor de tudo é que dá para escolher uma cidade base e circular pelos atrativos distribuídos em diferentes municípios de uma vez só.
Para viver essa aventura, é interessante estar de carro e ter disposição para encarar as estradas que separam uma cidade da outra. Em algum momento será preciso abandonar o asfalto e pegar a estrada de chão. Mas nada que um carro de passeio e um motorista destemido não resolvam. Uma boa pedida é se hospedar em Mucugê, que está relativamente perto de tudo, e desbravar os seus arredores. A vizinha Ibicoara em si não é charmosa como a nossa anfitriã, mas guarda a mais bela cachoeira da região. É indescritível a beleza do Buracão. Tem ainda o Poço Azul, em Nova Redenção, o Poço Encantado, em Itaetê, e também o Pantanal de Marimbus, em Andaraí. Se decidir encarar a rota, vai uma dica preciosa: não durma muito! Deixe a cama pra quando voltar pra casa e aproveite o dia. O conselho vale até para os mais preguiçosos. Está esperando o que para colocar o pé na estrada?
NÃO DEIXE DE FLUTUAR NO POÇO AZUL
Indo em direção a Mucugê, após deixar a BR- 242 e seguir na BA-142, há uma placa indicando que o Poço Azul está a 22 km dali, entrando na BA-479. Parte do trecho é de estrada de chão, há placas de sinalização, mas se ainda assim ficar confuso, vai ter sempre uma casa para parar ou um morador da região coma maior boa vontade em ensinar o caminho. Corre o risco ainda de você ser convidado para entrar, tomar uma água ou um café e bater dois dedos de prosa. O Poço Azul é aberto das 8h às 17h, mas o ideal é chegar entre 12h e 15h, quando os raios de sol entram na caverna e incidem no poço, formando um feixe de luz. A profundidade chega a 21 metros.
A taxa de acesso é R$ 30 e dá direito a um colete salva- vidas e máscara para fazer a flutuação, que é opcional. Quer um conselho? Vá, é maravilhoso! Para chegar ao poço há uma caminhada de 60 metros e 115 degraus. O passeio dura em torno de 30 minutos. O tempo é curto, mas dá para mergulhar e explorar as belezas do lugar. Mas a experiência é tão sensacional que, com certeza, você sairá de lá com gostinho de quero mais. Após o passeio, dá pra almoçar em Dona Alice, um self service de comida caseira por R$ 49 o quilo. Há também a Pastelaria do Júnior, com11 opções de recheio, incluindo carne, frango e palma, um vegetal muito comum na região. Os valores variam até R$ 12, a depender do recheio. Para seguir viagem e economizar tempo, a dica é seguir pela Estrada do Mocambo, que é de chão e atravessar uma ponte construída pelos moradores da comunidade, após o pagamento de uma espécie de pedágio de R$ 10, para a manutenção do equipamento. Por esse percurso, são 45 km que separam o Poço Azul de Mucugê. Quem optar seguir pelo asfalto, a distância é de 98 km.
CACHOEIRA DO BURACÃO EMOCIONA
Ela é considerada por muitos como a cachoeira mais bonita de toda a Chapada Diamantina. Há controvérsias. Se não conhece, tire a prova dos nove. A Cachoeira do Buracão fica em Ibicoara, a 70km de Mucugê. Lá, tem que Contratar um guia (a diária é R$ 120) e seguir por mais 30 Km de estrada de chão até o Parque Municipal Natural do Espalhado. Para chegar à cachoeira é preciso andar 3 km. A caminhada é gostosa, plana, com belas paisagens e dá até para se refrescar nas cachoeiras menores que há no trajeto, como a do Buraquinho, a das Orquídeas e a do Recanto Verde. Mas nenhuma delas consegue dimensionar o que é a do Buracão e a sensação de estar lá. Para ficar de frente coma Cachoeira do Buracão tem que atravessar o cânion nadando ou ir pela lateral do paredão de pedra de cerca de 50 metros. O visitante que for nadando recebe um colete salva-vidas e já pode se jogar na água escura e gelada para viver uma experiência inesquecível O Buracão é daquelas belezas que arrebatam. Algo que, de tão grandioso, toca no coração. Impossível descrever como é ver a imagem da cachoeira descortinar após o fim do paredão. Vale a pena vencer a correnteza, nadar até a queda d’água de 85 metros e passar alguns minutos debaixo dela, só ouvindo o barulho da tromba d’água. Chega a ser algo místico, que aguça todos os sentidos. Depois de aproveitar bem o lugar, é hora de ver a cachoeira por cima. Do alto, dá pra ter uma outra dimensão da sua grandiosidade. Mais um espetáculo de beleza. Na volta para Ibicoara há ainda três paradas imperdíveis: ver o entardecer no Mirante do Campo Redondo, tomar cachaça e provar a rapadura no alambique da Cachaça Cachoeira do Buracão e, por último, saborear a coxinha de palmito de jaca de Néia, frita na hora, no Campo Redondo.
POÇO ENCANTADO
Não dá para entrar na água e ficar flutuando como no Poço Azul, mas ele também tem seus encantos. A 45 km de Mucugê, já em Itaetê, o Poço Encantado é aberto todos os dias, das 8h às 16h, o ano inteiro. Os raios de sol penetram o poço das 9h às 14h, mas das 10h às 12h ele fica ainda mais bonito, principalmente entre abril e setembro. Para ter acesso, há uma taxa de R$ 25, que dá direito a um capacete com lanterna acoplada, já que o local só conta coma luz do sol que entra pelas frestas. Para chegar ao poço tem que descer 325 degraus, mas o que cansa mesmo é a subida. Pra compensar, no final, tome uma água ou cerveja no restaurante deles. Se tiver com fome, se prepare para comer rezando uma deliciosa comida caseira. Por R$ 25 por pessoa se come à vontade. O almoço vem em porções, mas pode repetir. Com certeza você sairá de lá carregando o delicioso sabor do chip de aipim, que é dos deuses.