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Arcebispo primaz do Brasil explica o papel dos milagres na Igreja
Por Jorge Gauthier (jorge.souza@redebahia.com.br)
Irmã Dulce será oficializada como santa da Igreja Católica, neste domingo (13), 20 anos após ter sido iniciado o processo de sua canonização. Desde o final dos anos 900, a Igreja passou a fazer o reconhecimento dos santos através de seus milagres, diferente dos santos mártires, como São Jorge, por exemplo, que virou santo após reconhecimento de seus atos heroicos em função da vida devotada ao cristianismo.
Os milagres são recados de Deus para nos lembrar que é preciso seguir o caminho da santidade. Mais do que é isso. Os milagres são testemunhos para que nós nos aproximemos ainda mais com o divino diante do mundo em que vivemos
dom Murilo Krieger, arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil
Para ser considerado santo, o indivíduo – depois de morto – precisa seguir uma série de requisitos que passam pelo reconhecimento de pelo menos dois milagres. Antes, bastava ser reconhecida a santidade através da aclamação do povo.
Para proclamar alguém como santo ou santa, era necessário reconhecer toda uma vida dedicada à fé. Nessa época, foram instituídos os tribunais eclesiásticos que, comandados pelo Vaticano – sede da Igreja Católica no mundo, em Roma, Itália – estabelecem a rotina para o reconhecimento dos milagres pelo Papa. Para tanto, são necessárias quatro etapas.
A primeira delas é o reconhecimento da pessoa como Servo de Deus – título concedido quando é aberto o processo de canonização, a partir do momento em que a Igreja reconhece que a vida da pessoa foi devotada a Deus. A segunda etapa torna venerável o candidato a santo: depois de investigação profunda da sua vida, identificam-se suas virtudes cristãs (conhecimento e prática do bem) heroicamente vividas ou pelo martírio. O terceiro momento é a investigação de um ato milagroso que tenha acontecido com a sua intercessão junto a Deus, depois da data de sua morte.
Após confirmado um milagre obtido pela intercessão do venerável, ele obtém o título de beato pela Igreja Católica. Por fim, após comprovado um segundo milagre, ocorrido após a beatificação, atribui-se a essa pessoa o título de santo. Com a beatificação, declara-se a santidade da vida do beato e é permitido o culto público em seu louvor no âmbito de uma diocese ou de uma instituição eclesiástica (por exemplo, uma congregação religiosa). A canonização consiste em uma declaração particularmente solene da santidade e prescreve o culto público em toda a Igreja.
Crença em milagres
1 ● A palavra ‘milagre’ deriva do latim miror – me maravilhoso, admiro – e indica, portanto, algo singular, que desperta atenção e assombro
2 ● Para a Igreja, o milagre não se trata de uma violação das leis da natureza, mas de um fato excepcional determinado por uma especial força divina, que supera o ritmo normal das coisas
3 ● Pelas normas do Vaticano, para ser considerada santa, cada pessoa precisa, antes de qualquer requisto milagroso, ter uma vida também considerada santa. É o chamado principio da santidade é universal. Os santos indicam aos homens as possibilidades das quais dispõem como seres humanos.
4 ● Desde 1983, a Igreja Católica passou a usar não só as testemunhas, mas também documentos para comprovar fatos milagrosos através da Congregação para as Causas dos Santos, que os examina, em vários níveis de juízo, para se certificar do heroísmo das virtudes, do martírio, dos supostos milagres.
5 ● Desde que o papa Sito V fundou, em 1588, a Sagrada Congregação dos Rito, hoje chamada Congregação da Causa dos Santos, a Igreja já reconheceu mais de 700 santos e 2.100 beatos. Desses, 1.338 beatos e 433 santos foram reconhecidos nos 27 anos de pontificado do papa João Paulo II, que se tornou beato da Igreja apenas 6 anos e 29 dias após sua morte, ocorrida no dia 2 de abril de 2005. Superou assim Madre Teresa de Calcutá, que foi considerada beata em 19 de outubro de 2003, seis anos e 40 dias de seu falecimento em 5 de setembro de 1997.
6 ● Irmã Dulce se tornará santa 27 anos e 7 meses após sua morte depois de ter dois milagres reconhecidos pela Igreja.
Fonte: Livro Irmã Dulce: os milagres pela fé (Jorge Gauthier, editora Autografia, 2014)
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