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Por Padre Manoel de Oliveira Filho*
No dia 13 de outubro o Papa Francisco canonizou, junto com a Bem Aventurada Dulce dos Pobres, mais três beatas e um beato. O que significam estas canonizações para a Igreja? O que elas nos dizem?
Antes de tudo é preciso entender o que é uma canonização. A Igreja não faz santos. A Igreja declara santos. Mais ainda: declara que aquela pessoa é modelo de santidade. Todo cristão batizado é chamado à santidade. Foi o próprio Jesus quem fez esse convite, como se lê no Evangelho de São Mateus. Para fortalecer o desejo de todos, a Igreja coloca alguns como modelo, a partir de vários horizontes de vida: sacerdotes, pais e mães, trabalhadores, bispos, freiras e freis, jovens, crianças, adultos e idosos, de todas as raças e culturas. É dentro deste parâmetro que podemos interpretar as canonizações que serão proclamadas. Um homem, quatro mulheres, cinco países, três continentes. Um cardeal, três religiosas e uma leiga.
O Beato John Newman nasceu professando o anglicanismo. Inglês, do início do século 19, viveu as grandes transformações pelas quais passava o mundo. Na juventude se converteu ao catolicismo e foi ordenado sacerdote. Homem de profunda inteligência, sólida formação humana e espiritual, chegou a ser comparado a Santo Agostinho, pela grandeza, pela dimensão espiritual e também pelo valor literário da sua obra. Aos 78 anos, foi criado Cardeal pelo Papa Leão XIII, em 1890.
As quatro mulheres que serão canonizadas têm uma característica em comum: a dedicação aos pobres. A Beata Maria Teresa Chiramel nasceu na Índia, em 1876. Tem uma vida muito similar a Santa Teresa de Calcutá e, como esta, fundou uma congregação para cuidar dos pobres.
A freira Giuseppina Vannini, italiana, nascida em 1859, criou o braço feminino da congregação fundada por S. Camilo de Lelis para cuidar dos doentes em uma Europa sem saúde pública.
A costureira e catequista suíça Margarida Bays teve uma vida simples e cotidiana. Recebeu uma cura no dia em que foi proclamado o Dogma da Imaculada Conceição, 8 de dezembro de 1854. Viveu e morreu santamente, no anonimato do seu povoado.
Diante das pessoas que foram canonizadas no dia 13, que lições podemos tirar? Toda condição de vida é digna de santidade, em qualquer lugar do mundo, em todos os períodos da história. Não existe uma estratégia para as canonizações. Ao contrário, existe uma convicção de que a Graça de Deus age onde quiser, da forma que quiser. Portanto, o convite continua valendo para nós hoje.
*Padre Manoel de Oliveira Filho é Capelão da Universidade Católica do Salvador (Ucsal)
O projeto Pelos Olhos de Dulce tem o oferecimento do jornal CORREIO e patrocínio do Hapvida