Sophia Lustosa tem 6 anos e sabe que não tem superpoderes. “Não tenho o poder de acabar com o coronavírus”, explica. Ainda assim, ela já consegue ver uma saída para a pandemia que está afetando todo mundo. “Eu deixo o recado para vocês que o coronavírus vai passar”, completa.
Ela mora em Feira de Santana, a primeira cidade da Bahia a ter casos de covid-19. Lá, antes do vírus, Sophia fazia tudo que mais amava. Passeava no shopping, via o filme da Mônica, gravava vídeos e brincava com as amigas.
“Encontrar as amigas não tá dando agora, mas eu amo, amo, amo”, contou, em uma entrevista ao CORREIO por ligação de vídeo.
Todos os dias acordava cedinho para ir à escola Asas. À tarde, quando chegava em casa, Sophia fazia o dever e tinha aulas de inglês. “Eu gosto de aprender inglês. Falo ‘hello’ (oi), falo ‘bye, bye’ (tchau)”, diz.
De repente, as coisas mudaram. As aulas presenciais foram suspensas e o dia ficou “muito grande”, nas palavras dela. Foi difícil para Sophia. Ela não conseguia entender por qual motivo não estava indo à escola e até chorava.
Para encher o dia que ficou grande demais, Sophia começou a aproveitar para desenhar e assistir um pouco de televisão. Quando a mãe chama, ajuda a enxugar os pratos e depois vai brincar na varanda. “De noite, eu faço uma rotina pequenininha. Tomo banho primeiro, escovo meu cabelo, escovo os dentes, visto meu pijaminha e boto a máscara de dormir”. Sophia usa um tapa-olhos por conta da claridade.
Mas logo ela descobriu o que estava acontecendo. Descobriu que o tal coronavírus pode causar uma gripe muito forte.
“A pessoa pode ficar bem dessa gripe, mas a pessoa também pode morrer”, explica.
Por isso, se Sophia fosse dar um conselho aos adultos, seria justamente para cuidar da higiene, usar sempre álcool em gel e não deixar de colocar a máscara. “Ao sair, leva o ‘alquinho’, passa o álcool na mão e vá com cabelo preso. Depois, quando chegar em casa, lava o cabelo. Eu não saio muito, mas quando saio, faço isso, porque ninguém sabe se alguém está com coronavírus”, diz.
O dia grande demais também tem um lado bom: agora, dá para ficar mais tempo reunida com a família, principalmente a mãe e a irmã. Só que ela ainda sente falta de encontrar os colegas da escola. Logo, espera conseguir ver de novo Bárbara, Maria, Alice e Enzo.
“O ruim disso tudo é que a pessoa fica com medo. Mas eu não tenho medo, porque Deus proverá”, completa.
Desenho
O CORREIO pediu que Sophia fizesse um desenho mostrando o que ela pensa e sabe sobre a pandemia. Ela decidiu desenhar em uma lousa branca que tem no quarto e fez diferentes cenários de como tem visto a covid-19.
“Fiz a minha escola Asas fechada, porque eu amo estudar e amo ver meus colegas. Fiz o mercado aberto para as pessoas poderem comprar comida. Fiz poucas pessoas porque tem ficar em distanciamento”, lista.
Há também um hospital que, como Sophia explicou, está aberto tanto para receber quem ficar doente por coronavírus ou por outra coisa. “E eu fiz o condomínio com os carros dentro de casa que não pode sair. Fiz uma mulher e um homem saindo para comprar comida e escrevi ‘xô, coronavírus, o amor venceu'”, completa.
Como ela acredita que o amor vai vencer o coronavírus, em outra cena, desenhou pessoas no futuro jogando máscaras para cima e comemorando o fim da pandemia.
O futuro
E, por falar em futuro… Sophia também gravou um vídeo contando como ela imagina o futuro e ainda quis fazer outro desenho para ajudar a representar como ela acha que vai ser o mundo quando a covid-19 passar.
“Eu espero que as pessoas voltem a se abraçar, comemorar seus aniversários, chamar amigos e familiares. Espero que o mundo seja melhor”.
Ela ainda mostrou um segundo desenho que decidiu fazer para representar o futuro. “Fiz esse desenho demonstrando o amor, a tranquilidade e a paz”, explica.
Assista: