Se Ereli Teixeira pudesse ver o coronavírus, ela não tem dúvida do que faria: colocaria o vírus dentro de um saco e levaria até o fundo da Terra. Assim, ele nunca mais ia poder sair de lá.
“Eu nunca tive medo dessa doença, mas nunca senti o que ela faz com a pessoa. Nunca vi se ela é feia, se ela é maldosa. Se ela acabasse com o meu corpo, aí sim eu tenho um pouco de medo. Mas, como eu nunca senti…”, conclui.
Mas não se engane: não é porque nunca viu o coronavírus que Ereli deixa de se cuidar. Ela tem 8 anos e mora em Feira de Santana com os pais e o irmão.
Até março, a rotina dela era de acordar cedo para ir à escola de manhã. Ereli está no 3º ano e estuda em uma escola municipal que é parceira da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs). À tarde, depois que terminava as atividades de casa, via um filme ou brincava com as tartarugas Tuga e Fred antes de dormir.
“Fred é muito esperto. Ele sabe pedir comida e já sabe onde é nossa casa. Já entra em casa e vai até a cozinha pedir comida”, diz Ereli.
Sempre que podia, Ereli saía para passear com a família. Às vezes, passeava de patins na Avenida Noide Cerqueira ou tomava um sorvete no shopping. Se não tivesse nada para fazer, aproveitava para gravar vídeos para seu canal no YouTube.
A quarentena mudou essa rotina. Agora, como não tem aulas de manhã, Ereli acorda mais tarde. Depois, ela recebe as atividades que a professora envia para os alunos e faz em casa.
Ereli mora em uma casa com um quintal grande, cheio de plantas. Ela sempre brinca com os pais e o irmão de dominó, de bolinha de gude ou apenas de ficar no quintal mesmo.
Nesse tempo todo, ela só saiu de casa poucas vezes. Uma das vezes foi para ajudar a mãe a fazer uma surpresa de aniversário para o pai.
“Não vejo minhas amigas pessoalmente. Falo com elas e faço as atividades nos encontros da escola pelo Google Meet. São encontros para a gente falar sobre o dia a dia”, explica.
Ereli entende que a covid-19 é contagiosa. “Sei que ela fica no lugar onde a saliva caiu. Se você tocar nesse lugar, a covid passa para você. Por isso, eu diria aos adultos para não saírem tanto de casa, investirem mais em ciência e terem esperança, porque tudo vai se resolver”.
Desenho
O CORREIO pediu que Ereli fizesse um desenho mostrando o que ela pensa e sabe sobre a pandemia.
Ela desenhou a si própria junto com as tartarugas Tuga e Fred. No desenho, até as tartarugas usam máscara para mostrar que todos devem estar juntos contra o coronavírus.
Ela gravou um vídeo contando como acha que vai ser o futuro quando a covid-19 passar.
“Eu quero a vacina de verdade para curar toda a humanidade”, diz Ereli.
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