“Tenho medo do coronavírus se juntar com outras doenças como chikungunya, febre amarela”

“Eu diria aos adultos para não saírem tanto de casa, investirem mais em ciência e terem esperança”
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“Não sei se eu tenho medo do coronavírus, porque eu não tenho medo de nada. Só de pesadelo”
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Maria Eduarda Fagundes tem 9 anos, mora em Luís Eduardo Magalhães e entrou no mundo das videochamadas

O início da pandemia da covid-19 foi difícil para Maria Eduarda Fagundes. Ela percebeu que o coronavírus estava se espalhando muito rápido pelo mundo e viu que muita gente estava assustada. Por isso, ela também sentiu medo.

“Tive muito medo de chegar na cidade que eu moro, mas fui me acostumando. Agora, eu também não tenho tanto medo como antes porque está tendo muita prevenção. Passo álcool gel toda hora, lavo as mãos e estou sempre usando a máscara”, conta Maria Eduarda, que tem 9 anos e mora em Luís Eduardo Magalhães, uma cidade que fica no Oeste da Bahia.

O coronavírus acabou chegando lá. A cidade dela já tinha mais de 3,5 mil casos confirmados, segundo o último anúncio da Secretaria da Saúde do Estado, na sexta-feira (30). A própria Maria Eduarda conhece um amigo que teve covid-19. Um primo da tia dela também ficou doente.

“Hoje eles já estão bem, mas estão tendo o dobro de cuidado. É importante, porque tem gente que inventa que quando você pega o coronavírus e cura, não tem mais”, diz ela.

Maria Eduarda está certa. Só porque alguém já pegou o vírus, não quer dizer que vai ficar curado para sempre ou que, na linguagem dos médicos, esteja imune a ele. No mundo todo, cientistas estão investigando casos de pessoas que já tiveram coronavírus pelo menos duas vezes em poucos meses.

Ela estuda no 4º ano no Centro Educacional Espaço Livre e, até março, tinha uma rotina bem cheia. As aulas na escola eram à tarde, mas de manhã sempre tinha atividades como balé ou aulas de Português, Inglês e Matemática no curso Kumon.

Na escola, uma das coisas que Maria Eduarda mais gostava era da Educação Física, mas também de jogar queimada. No tempo livre, muitas vezes saía para algum restaurante ou para tomar sorvete com a família.

“Eu chamava minhas amigas para vir aqui em casa brincar e também ia na casa delas. A gente andava de bicicleta, ia na piscina, jogava videogame, Uno”, conta Maria Eduarda, que mora com a mãe e o padrasto.

Com os cuidados que tem tomado, Maria Eduarda não tem mais tanto medo quanto antes
(Foto: Acervo pessoal)

Mas, na pandemia, esses encontros foram substituídos por reuniões em videochamada. Além disso, as amigas só se viam na escola eventualmente, para fazer provas presenciais.

Na escola de Maria Eduarda, os professores decidiram manter as provas lá mesmo, ainda que as aulas sejam sempre pelo computador.

“Eu preferia que fosse presencial, mas esse é o único jeito da gente estudar, não perder de ano e ainda rever nossos amigos”, diz ela.

Hoje, ela diz que faz a mesma coisa todos os dias, mas as aulas de música e do curso também são online. Maria Eduarda também gosta de ler e, atualmente, está lendo Anne de Green Gables, um livro sobre uma menina órfã de 11 anos. Ela também já viu a série baseada no livro.

“Quando eu assisto a uma série, eu vicio nela e não paro até acabar. Anne com E é perfeita, mas gosto também de Gossip Girl, Outlander”, conta.

Desenho
O CORREIO pediu que Maria Eduarda fizesse um desenho mostrando o que ela pensa e sabe sobre a pandemia. Ela desenhou várias cenas da quarentena, como os shows em lives, as videoconferências e as festas sem aglomeração.

Maria Eduarda desenhou coisas que se tornaram comuns na pandemia, como as lives
(Foto: Acervo pessoal)

Se Maria Eduarda pudesse acabar com a pandemia, ela acredita que seria encontrando uma vacina que servisse para todas as pessoas. Essa vacina teria que ser também capaz de garantir que ele nunca mais voltasse a deixar ninguém doente.

“Porque eu tenho medo do coronavírus se juntar com outras doenças como chikungunya, febre amarela. Tudo isso junto pode virar uma doença pior do que todas no mundo. Então eu teria que acabar com o coronavírus de vez”.

O futuro

Ela gravou um vídeo contando como acha que as coisas vão ficar quando a pandemia acabar.

“Acho que vão voltar as aulas presenciais de todo tipo de escola, dança, música e reforço”, diz.

Assista:

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